8 a cada 10 jovens imigrantes sofreram abusos, diz relatório

Denúncia do Unicef e OIM analisa rota pelo Mediterrâneo central

© Reuters

Mundo denúncia 13/09/17 POR Ansa

"Se você tenta fugir, eles atiram. Se para de trabalhar, eles te batem. Como escravos, no final do dia eles te trancam". Essa é a experiência de Aimamo, de 16 anos, em sua passagem pela Líbia, durante o processo de viagem da Gâmbia à Itália ao lado do seu irmão gêmeo Ibrahim. O relato da jovem garota é uma das severas experiências reunidas no relatório "Viagens Desoladas", realizado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pela Organização Internacional para as Imigrações (OIM).

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O documento reúne o testemunho de 22 mil imigrantes entre os anos de 2016 e 2017, sendo 11 mil deles adolescentes e menores de idade.

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A partir do relatório, divulgado na segunda-feira (11), foi constado que a rota da Líbia para a Itália é uma das mais perigosas do mundo para os jovens. Segundo o documento, oito a cada 10 crianças - 77% - que fazem a rota imigratória do Mediterrâneo central foram vítimas de abuso, exploração ou tráfico. O número é bem superior aos 17% que fugiram pelo Mediterrâneo oriental.

Das crianças que passaram pelo Mediterrâneo central, 72% das adolescentes do sexo feminino sofreram algum abuso sexual, enquanto 86% dos jovens do sexo masculino foram explorados com trabalhos escravos. Os adolescentes provenientes da África subsariana são os que mais sofrem abusos. O relatório constata também que viajar sozinho e o baixo nível de escolaridade são os principais fatores de vulnerabilidade. A pesquisa aponta que o maior números dos jovens imigrantes saíram da Gâmbia, Guiné, Eritréia e Bangladesh, e que pagaram entre 1 mil e 5 mil euros para chegarem à Europa. O objetivo deles é construir uma nova vida na Itália (34%), Alemanha (24%) ou França (10%).

Com a alta quantidade de menores de idade chegando à Europa, o Unicef e a OIM pediram à União Europeia (UE) para que cuide dos imigrantes através da abertura de canais seguros, combate ao tráfico, exploração, xenofobia e racismo. Além dessas demandas, a OIM pede para que encerre as detenções de jovens imigrantes na Líbia. No entanto, para isso acontecer, a União Europeia deveria se reunir com as autoridades do país.

O diretor regional europeu da OIM, Eugenio Ambrosi, lembrou a União Europeia para realizar uma gestão na fronteira "amigável para as crianças", usando os recursos e financiamento da Frontex, a Agência Europeia de Guarda de Fronteira e Costeira.

Já Sandie Blanchet, diretora do Unicef em Bruxelas, na Bélgica, condenou as medidas de impedir a chegada de imigrantes da Líbia.

"Inaceitável. É claro que este não é um lugar seguro para as crianças e suas famílias", concluiu. Por Patricia Antonini, com informações da Ansa.

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