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Procuradora da República há 21 anos e integrante da força-tarefa da Lava Jato, a carioca Isabel Cristina Groba Vieira não gostou da insistência com que o ex-presidente Lula a chamou de "querida", durante seu interrogatório, nesta quarta (13).
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Ela e o colega Antonio Carlos Welter foram os membros do Ministério Público Federal que acompanharam a audiência com o petista, encarregados de interrogá-lo sobre as acusações de corrupção e lavagem de dinheiro.
"Eu lhe pediria que o senhor, ex-presidente, se referisse ao membro do Ministério Público pelo tratamento protocolar devido", disse ela a Lula.
O ex-presidente não fez oposição. Antes, por duas vezes, havia respondido às perguntas endereçadas por Vieira com um "não sei, querida" e "não tenho, querida".
O juiz Sergio Moro interveio depois do comentário da procuradora, pedindo desculpas por não ter percebido antes.
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"Sei que, evidentemente, o senhor ex-presidente não tem nenhuma intenção negativa em utilizar esse termo 'querida', mas peço que não utilize", pediu o juiz. "Pode chamar de doutora, senhora, procuradora."
CARREIRA
Isabel Vieira é procuradora regional da República -ou seja, ocupa o segundo nível de carreira dentro do Ministério Público Federal. Ingressou no órgão em 1996, depois de quase dez anos como auditora do TCU (Tribunal de Contas da União).
Ela começou a carreira como procuradora em São Paulo, onde vivem seus filhos. Foi responsável pela investigação de irregularidades no fórum trabalhista de São Paulo, no início dos anos 2000, e pela defesa de direitos de comunidades indígenas e quilombolas, entre outros casos.
Está na área de patrimônio público há 18 anos e, em 2003, foi promovida a procuradora regional da República.
Em entrevista recente, Vieira afirmou se sentir realizada no Ministério Público. "É uma carreira onde podemos nos instruir muito do ponto de vista intelectual, social e humano", disse ao jornal "El País", em março deste ano.
Antes de ingressar na Lava Jato, ela fez parte de um grupo de trabalho da PGR (Procuradoria-Geral da República) para o planejamento de ações de combate à corrupção e à improbidade administrativa.
Para a procuradora, o combate à corrupção passa por uma mudança de cultura, num processo lento e que exige mudanças legislativas. "Ou se tem cultura que puna esses agentes [corruptos], ou vai passar a Lava Jato e tudo volta a ser como antes", afirmou, também em entrevista ao "El País".
Procurada pela reportagem, Vieira não quis conceder entrevista.
Ao pedido de Moro para que não mais a chamasse de "querida", o ex-presidente Lula respondeu prontamente: "Ah, tá bem, tá bem". Com informações da Folhapress.