© Ueslei Marcelino / Reuters
Depois da denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra Michel Temer, por obstrução de justiça e organização criminosa, o governo quer tentar paralisar a denúncia o máximo possível, no âmbito da Justiça, pelo menos até a próxima quarta-feira (20), quando o STF retomará o julgamento sobre as irregularidades no processo de delação dos donos da JBS.
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Se, ainda assim, o processo passar e chegar à Câmara, o governo trabalhará por uma tramitação rápida. E o motivo tem nome e sobrenome: Geddel Vieira Lima. Preso depois de a Polícia Federal encontrar R$ 51 milhões em apartamento que seria utilizado por ele, o governo já teme uma delação do ex-ministro. Ele foi chefe da Secretaria Geral de Temer e é amigo do presidente.
Desde a prisão do ex-ministro, Temer não comentou a prisão dele, mas alguns aliados mais francos admitem que há uma tensão no entorno do presidente. Eles calculam que Geddel pode dizer que agia só ou a serviço de quem estava nessa empreitada milionária.
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A relação entre Temer e Geddel já foi mencionada no depoimento de colaboração premiada de Lúcio Funaro, apontado como operador financeiro do PMDB na Câmara. Ele chegou a citar que Geddel era “amigo e interlocutor” de Temer, além de “forte arrecadador de doações e propinas”.
Segundo Funaro, a pedido de Temer, ele pegou, no escritório do assessor especial e amigo íntimo do presidente José Yunes, uma caixa contendo R$ 1 milhão em espécie. A missão era encaminhar o montante a Salvador (BA), aos cuidados de Geddel Vieira Lima.
A declaração consta no anexo 8 do acordo de delação premiada do doleiro, firmado no dia 22 de agosto, com a Procuradoria-Geral da República (PGR), conforme O Globo.
Ainda de acordo com Funaro, os recursos seriam provenientes de caixa 2, pagos pela Odebrecht, após negociação feita pelo próprio presidente e pelo ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.
A informação do doleiro dá força à suspeita de que o partido estava guardando dinheiro "vivo", na Bahia, com o objetivo de utilizá-lo em campanhas eleitorais.
O ex-ministro cumpria prisão domiciliar, na capital baiana, até o último dia 8, quando foi levado para o complexo prisional da Papuda, em Brasília.