© Marcelo Camargo/Agência Brasil
Em seu último dia útil à frente da Procuradoria-Geral da República (PGR), Rodrigo Janot reuniu-se com procuradores e funcionários do órgão, a fim de fazer um balanço da sua gestão, após quatro anos. A data fica ainda mais simbólica porque, coincidentemente, ele completa 60 anos de idade nesta sexta-feira (15).
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Na segunda-feira (18), Raquel Dodge assume o comando do Ministério Público Federal (MPF), em posse que contará com a participação do presidente Michel Temer, responsável por sua nomeação.
De acordo com informações do portal G1, a "despedida" de Janot durou quase três horas e lotou o auditório da PGR, em Brasília, entre o final da manhã e o início da tarde. Cerca de 400 pessoas estiveram presentes para prestigiar o procurador-geral.
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Os ex-procuradores da República Sepúlveda Pertence (1985-1989), Aristides Junqueira (1989-1995) e Claudio Fonteles (2003-2005) também participaram do momento, que foi fechado à imprensa.
Nessa quinta-feira (14), mesmo dia em que apresentou a segunda denúncia contra Temer, dessa vez por obstrução de justiça e organização criminosa, Janot esteve em sua última sessão no Supremo Tribunal Federal (STF). Na ocasião, disse ter sofrido toda sorte de ataques sórdidos e injustos. "Resigno-me a meu destino, porque mesmo antes de começar, sabia exatamente que haveria um custo por enfrentar esse modelo político corrupto e produtor de corrupção, cimentado por anos de impunidade e de descaso", disse.
Janot afirmou ainda que entregará o cargo com a convicção serena de ter militado até o último instante na defesa dos compromissos constitucionais assumidos há mais de 30 anos. "Outros seguirão do ponto em que parei e certamente avançarão ainda mais no aperfeiçoamento institucional e democrático do Ministério Público e do nosso país", disse.
A PGR acrescentou que, sentado na cadeira do procurador-geral da República, acompanhou grandes julgamentos que marcaram a memória jurídica nacional. Para ele, calorosos e instrutivos debates fluíram em incontáveis sessões vespertinas ao longo desses anos.
"Tive a honra de ver consolidado definitivamente o poder investigatório do Ministério Público e de presenciar o corajoso golpe desferido por esse colegiado contra a crônica impunidade que castiga impiedosamente nossa sociedade, quando esta Corte definiu, por duas vezes, que a condenação em segunda instância viabiliza, sim, a execução provisória da pena", afirmou. Para ele, igual satisfação foi ver consolidado e fortalecido o instituto da colaboração premiada.