STF cogita devolver denúncia contra Temer a Raquel Dodge

Membros da Corte estariam de acordo com argumento apresentado pela defesa do presidente, de que ele está sendo acusado se fatos ocorridos antes do mandato e, por isso, só deve responder por ele após deixar a Presidência

© Valter Campanato/Agência Brasil

Política Impasse 19/09/17 POR Notícias Ao Minuto

Pelo menos quatro ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), de acordo com fontes ouvidas em Brasília, já cogitam a chance de devolver à Procuradoria-Geral da República (PGR) a denúncia contra o presidente Michel Temer, apresentada no último dia 14, pelo então procurador-geral Rodrigo Janot.

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O peemedebista, que já foi acusado de corrupção passiva e conseguiu barrar o processo durante votação na Câmara, agora está sendo alvo de denúncia por obstrução de justiça e organização criminosa.

Os quatro membros da Corte estariam de acordo com os argumentos do advogado de Temer, Antonio Cláudio Mariz de Oliveira. Ele alega que os fatos elencados teriam ocorrido antes de peemedebista assumir o mandato.

Segundo Mariz, a lei diz que o presidente da República não pode responder por supostos crimes anteriores ao cargo, apenas depois que sair dele.

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Conforme destaca a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, se o processo for devolvido, caberá à nova procuradora-geral, Raquel Dodge, revisar o trabalho do antecessor. Ela assumiu o Ministério Público Federal nessa segunda-feira (18), em cerimônia presidida pelo próprio Temer. Foi ele, aliás, quem escolheu o nome da sucessora.

Julgamento

Nesta quarta-feira (20), o STF retoma o julgamento do pedido feito pela defesa de Michel Temer para suspender a denúncia. A sessão foi interrompida, no último dia 13, após a manifestação do advogado de Temer e da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Quando do início dos debates, os ministros Marco Aurélio e Gilmar Mendes adiantaram que o julgamento seria polêmico. Mendes questionou o fatiamento do inquérito contra Temer e pediu esclarecimentos da PGR sobre a suposta atuação do ex-procurador da República Marcello Miller em favor da JBS durante o período em que trabalhou na procuradoria.

“Quando discutimos no fim de junho a delação, fiz considerações sobre o Miller. Falei de ação controlada ilegal. Agora parece que a procuradoria precisa esclarecer isso, antes da eventual denúncia que venha a oferecer”, disse Gilmar Mendes.

Já Marco Aurélio questionou o pedido da defesa do presidente para suspender o envio de uma eventual denúncia pelo Ministério Público. “Pela primeira vez em 27 anos, me defronto com um pedido no sentido de o Supremo obstaculizar a oferta de uma denúncia pelo Ministério Público. A meu ver, isso é grave, porque quebra o sistema não só legal como constitucional", argumentou.

Na avaliação do advogado Antônio Claudio Mariz, representante de Temer, as suspeitas de que o ex-procurador Marcello Miller teria beneficiado os delatores da JBS, fato que motivou abertura de um processo de revisão da delação, justifica cautela no prosseguimento das investigações e a suspensão da eventual denúncia.

Ao subir à tribuna nesta tarde, Mariz refirmou o pedido para suspender a denúncia contra o presidente. “Acho temerário o processamento de uma denúncia, em face dos dados que estão sendo colhidos”, alertou o advogado.

Ao se manifestar durante a sessão do STF, o vice procurador eleitoral, Nicolau Dino, disse que as questões levantadas pelo ministro Gilmar Mendes estão sendo investigadas por Rodrigo Janot, que não participou da sessão.

No mesmo dia, por 9 votos a 0, o Supremo rejeitou pedido feito, também pelos advogados do presidente, para que seja declarada a suspeição de Janot na atuação das investigações relacionadas ao presidente, iniciadas a partir das delações da JBS.

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