© Adriano Machado / Reuters
No depoimento prestado aos investigadores do Ministério Público Federal (MPF), no dia 23 agosto, o doleiro Lúcio Funaro, apontado como operador financeiro do PMDB na Câmara, afirmou que "Eduardo Cunha redistribuía propina a Temer, com '110% de certeza'".
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Após assinar acordo de delação premiada, ele detalhou como funcionava o esquema de desvio de dinheiro dentro do partido. Na semana passada, o então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou o presidente e mais seis peemedebistas por organização criminosa. Segundo a acusação, os desmandos ocorriam, principalmente, na Petrobras, Furnas, Caixa, Ministério da Integração Nacional e Câmara dos Deputados.
De acordo com Funaro, segundo informações de O Globo, houve até mesmo um racha no partido, depois que o grupo de Cunha, Henrique Alves (PMDB-RN) e Funaro passou a disputar espaço na Caixa com a turma de Moreira Franco, de olho no FI-FGTS, fundo de investimento alimentado com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e que, segundo eles, "era uma fonte de renda”.
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“Cunha disse que André de Souza explicou para Temer como funcionava o FI-FGTS, que aquilo seria como um ‘mini BNDES’”, disse Funaro, em referência ao banco de desenvolvimento que libera recursos para as empresas investirem em infraestrutura. Ex-sindicalista, Souza fazia parte do conselho do fundo e é acusado de desviar dinheiro de lá.
Ex-assessor e amigo de Temer, José Yunes também foi citado por Funaro. Segundo o delator, por meio da compra de imóveis, ele lavava dinheiro para o presidente. “Além de administrar, [Yunes] investia os valores ilícitos em sua incorporadora imobiliária”, contou, acrescentando que “não sabe se tais imóveis adquiridos por Michel Temer estão em nome de Michel, familiares ou fundos”, embora saiba "por meio de Eduardo Cunha, que Michel Temer tem um andar inteiro na Avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo/SP, num prédio que tinha sido recém-inaugurado”.
Já havia sido divulgado trecho de um dos anexos da delação de Funaro, onde consta a informação de que ele teria ido ao escritório de Yunes, a amando de Temer, pegar uma caixa, contendo R$ 1 milhão, com a missão de entregá-la aos cuidados do ex-ministro Geddel Vieira Lima.
Moreira Franco, por sua vez, foi acusado pelo doleiro de ter atuado na Infraero para transferir sem licitação um hangar da falida Varig para a empresa. O atual chefe da Secretaria Geral de Temer rebateu a informação. “Veja a que ponto chegamos: um sujeito com extensa folha corrida com crédito para mentir. Não conheço essa figura, nunca o vi. Bandidos constroem versões 'por ouvir dizer' a lhes assegurar a impunidade ou alcançar um perdão por seus inúmeros crimes”.
A defesa de Michel Temer e dos demais citados ainda não se pronunciou sobre as declarações.