© DR
Um dia após a confirmação de que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) terá mesmo que devolver R$ 50 bilhões ao Tesouro Nacional em 2017, sendo R$ 33 bilhões ainda este mês, o diretor da Área Financeira e Internacional da instituição de fomento, Carlos Thadeu de Freitas, afirmou que a maior preocupação do País hoje é a trajetória da dívida pública.
PUB
"A maior preocupação que devemos ter hoje é se a dívida pública está em trajetória sustentável ou não", afirmou Freitas, durante a abertura da Sessão Especial do Fórum Nacional, organizado pelo Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae), no Rio, sem citar a devolução ao Tesouro. "A dívida pública tem aumentado consideravelmente porque o ajuste fiscal não foi feito como tinha que ser feito", completou o executivo.
Ao mesmo tempo, Freitas ressaltou a importância do papel do BNDES na economia, porque, segundo ele, o banco de fomento é o único a oferecer crédito de longo prazo na economia brasileira. "Enquanto não resolvermos esse problema trágico fiscal, não vamos ter (crédito de) longo (prazo)", disse Freitas.
O diretor do BNDES, que foi diretor do Banco Central (BC), citou a necessidade de reformas microeconômicas e listou algumas anomalias do mercado de crédito, como a marcação a mercado, o excesso do uso do CDI como referência do retorno de títulos e o fato de o BC usar operações compromissadas para "zerar o mercado", em vez de usar "papéis finais".
Por isso, o BNDES "é vital" para o crédito de longo prazo atualmente, disse Freitas. Segundo o diretor, as contas externas já foram ajustadas, agora é hora de fazer o ajuste fiscal, pois há risco de o cenário favorável ser revertido.
"É só fazer o dever de casa para sairmos do curto para o longo (prazo)", afirmou Freitas, completando que o Brasil está caminhando para a normalidade. "A normalidade em dólar está aí. A normalidade em real é política, por isso a decisão está com nossos políticos", disse o diretor.
Venda de ações
Freitas descartou nesta quinta-feira, 21, que a venda de ações da carteira da BNDESPar esteja entre as opções de alternativas de "funding" em estudo pela instituição de fomento. Freitas afirmou que a venda de ações não pode ser uma opção de "curtíssimo prazo".
Segundo o executivo, a devolução antecipada de partes da dívida do BNDES com o Tesouro deve ser voltada para o abatimento da dívida pública bruta e a venda de ações do BNDES levaria tempo. "Vender a carteira não é rápido", disse Freitas. Com informações do Estadão Conteúdo.