Imagens sacras, quadros e videogames compõem mansão de Cabral em leilão

Lance mínimo para o imóvel será de R$ 8 milhões

© Carlos Magno/Imprensa RJ

Política ex-governador 22/09/17 POR Folhapress

Imagens sacras, quadros, videogames, livros e equipamentos que incluem até uma câmara frigorífica. São esses itens que serão leiloados junto com a mansão do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) e Adriana Ancelmo no próximo dia 3 de outubro, com lance mínimo de R$ 8 milhões.

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A casa no condomínio Portobello, em Mangaratiba (RJ), tem 462 metros quadrados de área construída, com dois pavimentos, cinco suítes, dois lavabos, dois banheiros, sala, átrio e cozinha. A área externa tem cerca de 500 metros quadrados com duas piscinas, churrasqueira e, a frente do terreno, uma quadra de vôlei na orla da praia São Braz.

Descrita por Cabral como "extensão de sua residência", ela será vendida para ajudar a pagar multas e indenizações decorrentes dos processos da Operação Lava Jato. Ele já foi condenado em dois, e é réu em outros 12.

+ Bretas bloqueia R$ 224 milhões de Sérgio Cabral, Adriana e outros nove

Caso não haja interessado no primeiro certame, um outro leilão será realizado no dia 11 de outubro com 20% de desconto (R$ 6,4 milhões) no lance mínimo. A Justiça privilegia pagamento à vista, mas aceita parcelar em até 30 vezes, com uma entrada mínima de 25%.

De acordo com o leiloeiro Renato Guedes, a venda é na modalidade "porteira fechada" -inclui todos os itens dentro do imóvel. A mansão conta ainda com dois carrinhos de golfe (para circulação no condomínio), seis bicicletas (duas infantis), pranchas de surfe, além de dezenas de livros. Apenas itens pessoais ficarão com o casal -a mansão ainda guarda muitas fotos da família.

A decoração da casa é sóbria. Piso frio em tom pastel claro, paredes brancas, e dez quadros -dois de Romero Brito, um retratando Cabral e outro, Adriana.

Esta casa passou a ser frequentada em 2011 pelo casal. Contudo, a compra só foi registrada no cartório em 14 de outubro do ano passado, um mês antes da prisão do ex-governador, em nome de Adriana Ancelmo.

O valor registrado foi de R$ 2 milhões. A Justiça avaliou o imóvel em R$ 8 milhões.

Foram vizinhos de Cabral os ex-secretários Wilson Carlos e Sérgio Côrtes, além dos empresários Marco Antônio de Luca, Fernando Cavendish, Arthur Soares e Georges Sadala, todos alvos da Lava Jato no Rio.

"A quadrilha toda ficava ai. Natal ele botava para quebrar. Tinha mais fogos do que na avenida Atlântica", disse o aposentado Raul Lopes Ribeiro, 74, que mora ao lado da casa de Cabral.

O local também era usado para lobby de vizinhos junto ao ex-governador. Em texto encontrado no celular de Luca, o empresário diz que o aluguel de uma casa no condomínio "dava oportunidade de alguns encontros e uma oportunidade".

O ex-governador chegou ao Portobello em 1998, numa casa em frente ao canal que desemboca no mar. Esse imóvel atualmente está em nome do Resort Portobello.

A compra da casa, em maio de 1998, foi divulgada em dezembro daquele ano pelo então governador Marcello Alencar (PSDB), rompido com Cabral havia três anos.

O "Jornal do Brasil" divulgou um dossiê que o tucano, morto em 2014, iria entregar ao Ministério Público sobre a casa adquirida por R$ 100 mil. Alencar afirmara que ela valia, à época, R$ 1 milhão.

"Ele não tem outras fontes conhecidas de renda. Tem um salário de deputado estadual [R$ 6.000 à época] que, a rigor, não daria para pagar o aluguel de uma casa como essa", declarou o governador.

Cabral, em resposta, disse que venderia a casa ao então governador por 40% do valor que o tucano dizia valer o imóvel.

"Vendo essa casa por mais da metade do preço. Dou 60% de desconto. Porque os Alencar superfaturam tudo. E superfaturaram a minha casa. Mas eu vendo para ele, ou alguém da sua família, que com certeza tem dinheiro para comprar", ironizou.

O dono do condomínio, Cláudio Jardim Borges, também foi condenado na Lava Jato. O juiz Marcelo Bretas entendeu que ele repassou R$ 2,5 milhões para o escritório da ex-primeira-dama sem prestação de serviço com o objetivo de lavar dinheiro da quadrilha.

Em depoimento à Polícia Federal, Borges disse que Cabral ajudava na divulgação do condomínio. Comparou o peso da imagem do peemedebista ao de Ayrton Senna, que também já frequentou o local. Com informações da Folhapress.

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