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Após uma noite relativamente tranquila, um novo tiroteio foi ouvido na madrugada deste sábado (23) na favela da Rocinha, zona sul do Rio.
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Na tarde desta sexta (22), a favela foi cercada pelas Forças Armadas após cinco dias de operações policiais, guerra entre facções e tiroteios que provocaram uma nova onda de pânico no Rio. O ministro da Defesa, Raul Jungmann, disse que a favela estava "pacificada".
Os militares foram destacados para atuar por tempo indeterminado no patrulhamento dos acessos à comunidade -parte deles chegou a entrar em pontos da Rocinha considerados estratégicos. O contingente de 950 militares foi anunciado pelo ministro da Defesa, Raul Jungmann, depois de semana de troca de farpas com a gestão Luiz Fernando Pezão (PMDB) -e críticas à falta de ações conjuntas contra a violência.
Na manhã deste sábado (23), a Polícia Militar informou ao UOL a apreensão pelo Bope (Batalhão de Operações Especiais) de cinco fuzis. As armas foram apreendidas após criminosos em um táxi entrarem em confronto com os policiais.
7Ainda segundo o UOL, homens armados tentaram romper bloqueio do cerco estabelecido pelas Forças Armadas na comunidade, nas proximidades da rua General Olímpio Mourão Filho, por volta das 4h30. O Exército prendeu cinco suspeitos que estavam no veículo, um Renault Symbol, e apreendeu um fuzil AK47 e quatro carregadores.
Uma hora depois, os relatos de confrontos cessaram. A estrada Lagoa-Barra e o túnel Zuzu Angel foram liberados.
Antes disso, por volta das 2h30, uma troca de tiros foi registrada na comunidade Dona Marta, em Botafogo, zona sul da capital fluminense. Segundo a rádio CBN, policiais foram recebidos a tiros ao se aproximarem de um baile funk. O tiroteio teria durado cerca de 30 minutos.
Na sexta-feira (22), as trocas de tiros levaram a polícia a fechar, por quatro horas, a autoestrada Lagoa-Barra, principal via de ligação entre as zonas sul e oeste da cidade, onde está sendo realizado o Rock in Rio.
Houve trocas de tiros também em ao menos outras sete comunidades do Rio. A onda de violência gerou uma série de boatos e espalhou a sensação de insegurança pela população, com fechamento de escolas, postos de saúde e comércio.
Após operação do Bope (Batalhão de Operações Especiais) na Rocinha de manhã, para buscar suspeitos de participar da guerra entre facções, houve confronto.
Às 8h de sexta, um grupo ateou fogo em um ônibus na avenida Niemeyer, em São Conrado. Uma granada foi lançada em direção a um carro policial, mas o artefato não explodiu. Luciano Monteiro Marques, 41, morador da comunidade, foi baleado e hospitalizado.
Com o agravamento da situação, o governo do Rio decidiu pedir a ajuda para as Forças Armadas cercarem a Rocinha, liberando a polícia para atuar dentro da favela. O reforço começou a chegar às 15h30, com 14 blindados.
A Polícia Civil também decidiu entrar com pedido no plantão judiciário de mandados coletivos de busca e apreensão para regiões da favela. O objetivo é que os policiais possam entrar em casas da Rocinha com respaldo judicial.
A medida, que é criticada por órgãos de defesa dos direitos humanos, já foi utilizada na favela do Jacarezinho, zona norte, em agosto.
O secretário de Segurança do Rio, Roberto Sá, disse que a topografia da região e as armas pesadas dos criminosos dificultavam a ação policial, mas evitou demonstrar alarmismo. "O Rio não está em guerra. O Rio tem uma situação de violência urbana difícil, como no resto do Brasil."
+ Forças Armadas seguirão na Rocinha após prisão de traficante
FACÇÕES
A Rocinha enfrenta guerra entre facções pelo controle do tráfico desde domingo (17). A guerra pelo controle da Rocinha envolve os traficantes Antônio Bonfim Lopes, o Nem, preso em 2010, e seu sucessor no comando, Rogério Avelino, o Rogério 157.
Nem estaria insatisfeito com a atuação de Rogério, que passou a cobrar os moradores por serviços como água e mototáxi. Determinou a invasão de dentro de presídio federal em Rondônia, com apoio de criminosos da facção ADA (Amigo dos Amigos), a segunda maior do Rio. Rogério foi reforçado por bandidos do CV (Comando Vermelho).
Na quinta, Pezão e o ministro Jungmann haviam divulgado um acerto para retomar a ação das Forças Armadas, após divergências sobre que papel as tropas teriam.
"Por que não mandaram toda essa gente no domingo? Agora todo mundo já se escondeu ou foi embora. Essa gente fardada aqui embaixo só serve pra televisão", questionou um morador à Folha.
A polícia indiciou 11 suspeitos de participar da invasão de domingo. Nesta sexta, um homem se entregou à Polícia Federal e foi levado para depor –Edson Antônio Fraga, o Dançarino, era alvo de três mandados de prisão. A atuação do Estado foi criticada pela Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) e pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Com informações da Folhapress.