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Ela acorda todas as manhãs às 6h30, prepara o café da manhã para o marido, e lhe deixa um papel com a lista de compras.
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Algumas vezes, é até ela quem vai para o mercado, a poderosa Angela Merkel. Seguida por seus seguranças, no entanto, é ela quem carrega as sacolas. A mulher que se tornou chanceler alemã pela quarta vez parece, para seus cidadãos, ainda uma pessoa normal.
Normal, obviamente, ela não é porque não pode pensar em se aposentar. E o trabalho não diminui com o passar dos anos - e nem fica mais fácil. Os conflitos se proliferam e há tempo ela os enfrenta, como com o avanço do populismo por toda a Europa.
Agora, ela também tem que lidar com isso em casa.
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A sigla de extrema-direita Alternativa para Alemanha (AFD) vai de vento em popa no país. Mesmo que a chanceler tenha conseguido manter o país em ordem, com os países tradicionais ainda bem representados.
Há semanas, os radicais tentam atacá-la com vaias e gritos nos comícios. E essa líder, de 63 anos, às vezes aparece cansada.
Mas, a luta contra o populismo, em escala global, é uma motivação forte para continuar. E no resto, a Frau Merkel voltou a ganhar força na Alemanha com a eleição de Donald Trump.
Em 12 anos na Chancelaria, a ex-jovem do leste e pupila de Helmut Kohl, filha de uma professora e de um pastor evangélico que se casou "do outro lado do muro". Pragmática e de um vaidade intangível, com cuidados com os famosos terninhos e o cabelo alinhado.
Mas, perante aos refletores, ela se veste de uma compostura quase opaca. Com formação científica, e uma vida antes da política dedicada à Física, ela se casou com Ulrich Merkel, do qual herdou o sobrenome que a tornou famosa no mundo.
Muitos anos depois, ela se casou com Joachim Sauer, que tentou, como "consorte do G20", mostrar teorias sobre as mudanças climáticas para Melania Trump.
Com esse perfil e uma pragmática propensão à busca do compromisso, a líder do CDU tem que lidar com os grandes "machos alfa" da Terra: Vladimir Putin, da Rússia, Recep Tayyip Erdogan, da Turquia, e Donald Trump, nos EUA.
Clara em suas posições, Merkel não se deixa provocar e se põe à frente, para o conflito se necessário, sempre a todos os custos, para buscar uma "solução diplomática".
Com o toque "feminino" de sua liderança, ela garante o principal posto entre os alemães e não apenas: Barack Obama a coroou praticamente como se fosse sua sucessora, o "New York Times" a chamou de "líder do mundo livre".
Como política mulher pertencente a um partido de centro-direita e que também é uma cientista, Merkel tem sido comparada na imprensa de língua inglesa com a ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher.
Alguns têm se referido a ela como "Dama de Ferro", "Garota de Ferro", e até "A Frau de Ferro" (todos aludindo a Thatcher, cujo apelido era "A Dama de Ferro", além de também ter diploma científico, uma licenciatura em química em Oxford).
Comentaristas políticos têm debatido quão semelhantes são suas agendas. No decorrer de seu mandato, Merkel recebeu o apelido "Mutti" (de uma forma familiar do alemão para "mãe"), dito pelo Der Spiegel para se referir a uma figura de mãe idealizada dos anos 1950 e 1960. Também tem sido chamada de "Chanceler de Ferro", em referência a Otto von Bismarck. Com informações da ANSA.