© Adriano Machado / Reuters
O governo federal irá utilizar a CPI da JBS como linha auxiliar de ataque do presidente Michel Temer à segunda denúncia contra ele por obstrução judicial e organização criminosa.
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O Palácio do Planalto mobilizou a tropa de choque governista a se revezar a partir desta semana na CPI e na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), que analisará a denúncia apresentada pela PGR (Procuradoria-Geral da República).
A estratégia, citada em reunião neste domingo (24) entre o peemedebista e líderes do governo, começará a ser colocada em prática na terça-feira (26), quando o procurador Ângelo Goulart Villela deve falar na CPI.
O objetivo é direcionar o depoimento do procurador para que ele relate os métodos adotados pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot na negociação de acordos de delação premiada, em especial o do empresário Joesley Batista.
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A base aliada tentará obter de Villela declarações que indiquem que o ex-procurador-geral pode ter pressionado delatores a prestar informações sobre alvos que sua equipe pretendia investigar.
Com isso, o governo federal espera fortalecer a narrativa da defesa de Temer, que afirma que Janot perseguiu Temer e direcionou as delações da JBS.
"Tudo o que veio do ex-procurador-geral não merece crédito, não tem credibilidade. A denúncia é uma peça absurda", criticou à reportagem o novo advogado do presidente, Eduardo Carnelós.
Villela disse em entrevista que Janot "tinha pressa" para denunciar Temer e barrar a indicação de Raquel Dodge como sua sucessora no comando da PGR.
O procurador chegou a ser preso na esteira da delação da JBS, acusado de ter recebido propina para repassar à empresa informações sigilosas sobre as investigações. Ele está afastado do Ministério Público Federal.
"Confesso que estou curioso e ansioso em interrogá-lo. Até porque considero absurdo alguém ficar tanto tempo preso sem ter sido sequer ouvido", disse o relator da CPI da JBS, Carlos Marun (PMDB-MS).
ESTRATÉGIA
A estratégia do Palácio do Planalto é usar depoimentos e informações obtidas pela CPI para tentar minar a denúncia contra Temer, que começará a ser analisada nesta semana pela CCJ.
Uma das apostas do núcleo do Palácio do Planalto será a suspeita de que a acusação formal feita por Janot contra Temer contém documentos falsos. Auxiliares do presidente afirmam que papéis bancários apresentados na denúncia podem ter sido forjados por delatores.
A meta estipulada pela equipe política é conseguir pelo menos 43 votos favoráveis ao peemedebista na CCJ, placar superior ao conquistado na acusação anterior.
O presidente ordenou à base aliada que evite embates com o presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG).
Na tramitação da primeira denúncia, Pacheco contrariou o governo diversas vezes ao determinar as regras de análise do processo e na escolha do relator -em uma série de derrotas para Temer.
Auxiliares de Temer já se dizem certos de que o presidente da comissão não vai facilitar a vida de Temer, então quer evitar ações para tentar convencê-lo do contrário.
O presidente atuará ainda para manter a fidelidade de sua base aliada nas votações da denúncia na CCJ e no plenário, mas orientou seus ministros a economizar capital político nos primeiros passos da tramitação.
O governo evitou, por exemplo, mobilizar deputados federais na última sexta (22) para que houvesse quorum para a leitura da denúncia no plenário, o que ajudaria a acelerar a conclusão do caso.
O objetivo é evitar que os parlamentares comecem a acumular a concessão de favores e, depois, cobrem faturas mais altas do Palácio do Planalto. Com informações da Folhapress.