© Bruno Kelly / Reuters
Levantamento inédito mostra os números da violência no Rio de Janeiro, entre os dias 21 e 27 de agosto. A amostra indica o peso das armas de fogo, da polícia e do crime organizado nos casos registrados em uma semana e dão ideia do cenário que vem sendo pintado no Estado.
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Foram contabilizadas 84 mortes violentas, sendo uma a cada duas horas, de acordo com o projeto Monitor de Violência, tocado em uma parceria entre o portal G1, o Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da Universidade de São Paulo (USP) e com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
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Considerando os casos em que houve o registro da arma utilizada no crime, 95% deles envolveram arma de fogo. A média do restante do país é de 81%. Além disso 34% das mortes têm características de execução e 32% têm o envolvimento de policiais ou do crime organizado.
Entre os mortos com identificação, 17 são policiais, sendo 14 apontados como autores e três como vítimas, além de 8 traficantes e 2 milicianos.
Já as regiões mais violentas se encontram na Baixada Fluminense, embora a área tenha apenas um terço da população da capital. No Rio, foram registradas 30 mortes, 36% do total, enquanto na Baixada foram 28, o equivalente a 33%. Niterói e São Gonçalo aparecem com 12 mortes (14%), a região Sul com 7 (8%), a Norte com 2 (2%) e Lagoas 5 (6%).
Entre as vítimas, o predomínio é de homens (91%), pardos (62%), com até 29 anos (52%). No período analisado, ao menos 25% das mortes foram em áreas de favelas. A grande maioria dos homicídios ocorreu em bairros de baixa renda.
"Tão importante quanto o grande número de autos de resistência é essa desproporção de casos pela geografia", afirma a socióloga Silvia Ramos, do Centro de Estudos de Segurança da Universidade Cândido Mendes e integrante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. "A desproporção entre as áreas mais abastadas da cidade e as áreas mais pobres, quando você olha caso a caso, você que isso é uma realidade que continua se reproduzindo. Isso para mim é muito chocante", afirma.