Bolsa recua pelo 5º dia e tem pior sequência desde afastamento de Dilma

O dólar ganhou força após a sinalização de que o governo vai tirar do papel a reforma tributária

© REUTERS / Thomas White

Economia Valor 27/09/17 POR Folhapress

 A Bolsa brasileira fechou em baixa pelo quinto dia e teve a pior sequência de quedas desde o afastamento da presidente Dilma Rousseff pelo Senado, em sessão de realização de lucros e em que os investidores digeriram o resultado dos leilões de hidrelétricas e de blocos de petróleo.

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O dólar avançou para R$ 3,19 em linha com o exterior, que repercutiu a sinalização de uma reforma tributária pelo presidente americano, Donald Trump.

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O Ibovespa, que reúne as ações mais negociadas, recuou 0,70%, para 73.796 pontos. Foi a primeira sessão desde 11 de setembro em que o índice fechou abaixo dos 74 mil pontos e também a pior sequência de quedas desde a iniciada em 13 de maio de 2016, um dia depois de a ex-presidente Dilma Rousseff ser afastada do cargo pelo plenário do Senado -foram seis desvalorizações.

O dólar comercial subiu 0,82%, para R$ 3,194. O dólar à vista se valorizou 0,47%, para R$ 3,184.

Para analistas, o movimento de desvalorização da Bolsa é reflexo da venda após os sucessivos recordes batidos nas últimas duas semanas. "Em termos gerais, já estávamos esperando alguma correção do mercado, depois de oito semanas seguidas de alta. A gente não descarta uma correção mais forte, é um movimento técnico", avalia Carlos Soares, analista da Magliano Corretora.

Os investidores ficaram de olho no resultado do leilão de usinas hidrelétricas e de blocos de petróleo, que foi considerado bem-sucedido.

No caso das hidrelétricas, o governo leiloou por R$ 12,13 bilhões as concessões de quatro usinas da Cemig, arrecadando 9,7% a mais que o esperado de R$ 11 bilhões.

Já a 14ª rodada de áreas para exploração e produção de petróleo terminou com arrecadação de R$ 3,84 bilhões, a maior entre os leilões de concessão já realizados no país. Só a Petrobras e a Exxon levaram seis blocos na Bacia de Campos, em uma área com potencial de reservas no pré-sal, por R$ 3,59 bilhões, sendo responsáveis por 93% da arrecadação total do leilão.

"O resultado veio em linha com o esperado. O das hidrelétricas veio acima do valor que o próprio governo estava esperando. Algumas instituições acreditavam que ágio podia ter sido maior, mas ter vindo acima foi importante", afirma Roberto Indech, analista-chefe da Rico Corretora.

Por outro lado, a reação política ao leilão de partidários do próprio PMDB penalizou as ações do setor elétrico nesta sessão, diz. Vice-presidente da Câmara, o deputado Fábio Ramalho (PMDB-MG) criticou o resultado do leilão.

"Essas declarações trouxeram instabilidade ao mercado, pela contraposição à equipe econômica. O mercado acabou repercutindo negativamente", ressalta Indech.

AÇÕES

Das 59 ações do Ibovespa, 46 caíram, 12 subiram e uma terminou estável.

As ações da Cemig, que não participou da disputa pelas usinas, caíram 1,61%. Mas a avaliação é que a empresa fez bem ao não oferecer lances pelas hidrelétricas. "O mercado vem cobrando a redução de endividamento da empresa, que deve focar em venda de ativos para melhorar seus indicadores", afirma Indech.

Os papéis da Eletrobras estiveram entre as maiores baixas do Ibovespa, após a notícia de que a venda das distribuidoras da empresa deve ficar só para o primeiro trimestre de 2018, enquanto o mercado esperava algo ainda neste ano. As ações ordinárias da estatal caíram 2,88%, e as preferenciais recuaram 4,52%.

A Petrobras também viu suas ações caírem, embora a estratégia da empresa de concentrar a atenção nos seis blocos que arrematou com a Exxon tenha sido elogiada pelos especialistas. "Há todo um trabalho de redução de endividamento da empresa, de não gastar mais do que deveria neste momento", afirma o analista-chefe da Rico.

A queda ocorreu em dia de depreciação dos preços do petróleo no exterior. As ações preferenciais da Petrobras caíram 1,61%, para R$ 15,31. Os papéis ordinários também perderam 1,61%, para R$ 15,88.

As ações da mineradora Vale conseguiram subir, apesar da queda de 1,23% do minério de ferro. As ações ordinárias da Vale subiram 1,37%, para R$ 31,93. As ações preferenciais avançaram 1,69%, para R$ 29,56.

No setor financeiro, as ações do Itaú Unibanco subiram 0,07%. Os papéis preferenciais do Bradesco caíram 1,05%, e os ordinários tiveram queda de 0,77%. As ações do Banco do Brasil se desvalorizaram 0,51%. As units -conjunto de ações- do Santander Brasil tiveram baixa de 0,76%.

DÓLAR

O dólar ganhou força após a sinalização de que o governo vai tirar do papel a reforma tributária.

A moeda americana subiu ante 18 das 31 principais divisas mundiais.

Aqui, o Banco Central vendeu a oferta de 12 mil contratos de swap cambial tradicional (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro), para rolar os contratos que vencem em outubro. Até agora, já foram rolados US$ 5,4 bilhões dos US$ 9,975 bilhões que vencem no mês que vem.

O CDS (credit default swap, espécie de termômetro de risco-país) recuou 0,30%, para 203,4 pontos.

No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados fecharam em alta. O DI para janeiro de 2018 permaneceu estável em 7,530%. A taxa para janeiro de 2019 teve alta de 7,260% para 7,330%. Com informações da Folhapress. 

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