© Marcos Corrêa/PR
Com o início da tramitação de denúncia por organização criminosa e obstrução judicial, o presidente Michel Temer mobilizou ministros, assessores e deputados para uma operação salva-mandato.
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Na tentativa de barrar acusação contra ele, o peemedebista discute o remanejamento em cargos de segundo e terceiro escalões, a liberação de emendas parlamentares e trocas na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).
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A ameaça de rebelião dos partidos do chamado centrão, contudo, tem colocado em risco a estratégia do presidente, que abriu o gabinete presidencial para receber parlamentares de siglas como PR, PSD, PP e PTB.
Os partidos têm reivindicado mais espaço na Esplanada dos Ministérios, como o controle do Ministério das Cidades e a Secretaria de Governo. Até o momento, contudo, o presidente tem resistido a cedê-los.
Nesta quarta-feira (27), o presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), disse que fará a tramitação conjunta da denúncia, com apenas um relator, contra o presidente e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral).
A escolha era a desejada pelo Palácio do Planalto, que avaliava o risco de que, em uma tramitação fatiada, pelo menos um dos ministros acabasse afastado, o que poderia agravar a crise política.
Partidos da oposição e do centrão, no entanto, ameaçam aprovar nesta quinta (28) o fatiamento. O objetivo é aumentar o poder de barganha das siglas governistas em relação a emendas e cargos.
Uma demonstração da insatisfação foi dada na terça-feira (26), quando foi deflagrada uma rebelião na base aliada que quase retirou o foro privilegiado de Moreira.
A medida que lhe dá status de ministro foi aprovada por uma diferença de apenas cinco votos.
Para evitar uma nova rebelião, o presidente pediu a ministros de partidos do centrão que atuem junto a suas bancadas parlamentares.
Nos encontros com deputados, o peemedebista tem reafirmado a sua defesa contra a denúncia, desqualificando a acusação apresentada pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot.
Até o momento, houve duas substituições na CCJ, mas o Palácio do Planalto tem pressionado por pelo menos mais duas: de Expedito Netto (PSD-RO) e Jorginho Mello (PR-SC). Os dois votaram contra o presidente na primeira denúncia, por corrupção.
O peemedebista também tenta evitar que o PSB substitua Danilo Forte (CE) e Fábio Garcia (MT), alinhados ao Palácio do Planalto. Com esse objetivo, ele se reuniu na terça-feira (26) com a líder da sigla, Tereza Cristina (MS).
A meta do presidente é conseguir pelo menos 43 votos contra a denúncia na CCJ, que iniciará a tramitação da acusação nesta quinta (28).
Nas palavras de um auxiliar presidencial, é necessário conseguir um placar melhor do que a denúncia anterior para corroborar discurso da defesa do peemedebista de que ela é mais frágil.
O nome mais forte para a relatoria é o do deputado federal Evandro Gussi (PV-SP), próximo ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
Na última denúncia, Temer ficou ressentido com o fato de a bancada do PSDB em SP ter votado quase toda pelo prosseguimento da acusação.
Em conversas reservadas, o peemedebista disse que o governador não se esforçou para ajudá-lo.
Temer foi notificado na tarde desta quarta para que apresente sua defesa.
O primeiro-secretário da Câmara, Fernando Giacobo (PR-PR), entregou o documento ao subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil, Gustavo Rocha, no Planalto. O assessor presidencial também recebeu as notificações contra Padilha e Moreira. Com informações da Folhapress.