Nos EUA, FHC diz que Supremo tem decisão final no Brasil

Declaração se dá após a primeira turma do STF decidir pelo o afastamento do senador Aécio Neves (PSDB-MG) do cargo

© Nacho Doce / Reuters

Política Palestra 28/09/17 POR Folhapress

Convidado para uma palestra em Washington sobre o impacto político da corrupção na América Latina, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) disse, nesta quinta (28), que o Supremo Tribunal Federal "também tem problemas" mas "tem a decisão final" no Brasil.

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A declaração se dá após a primeira turma do STF decidir pelo o afastamento do senador Aécio Neves (PSDB-MG) do cargo. Nesta quinta (28), o Senado adiou para a próxima semana uma votação que pode não acatar a decisão do STF.

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"O Supremo Tribunal, como guardião da Constituição, tem a decisão final. Ele decide e é isso", disse FHC, enquanto explicava as mudanças ocorridas no Brasil em relação ao combate à corrupção. O ex-presidente não citou, em sua fala de quase uma hora, o caso de Aécio.

FHC destacou, como uma das principais mudanças, o fato de os brasileiros hoje depositarem nos juízes do Supremo e não nas lideranças militares suas expectativas de solução da crise.

"No passado, confrontados com uma crise como a atual, os brasileiros estariam especulando sobre a atuação dos generais de quatro estrelas. Hoje, a maiorias de nós não sabe nem seus nomes, enquanto os nomes dos 11 juízes do STF são nomes familiares", disse.

Apesar de ressaltar que o "STF tem problemas também", o ex-presidente afirmou que não queria fazer críticas ao Supremo fora do país.

"Mas é melhor ter problemas para ajustar o STF do que ter problemas para colocar os militares de lado", disse.No início de sua palestra, no auditório lotado do think tank Wilson Center, FHC brincou com o tema proposto, dizendo nunca ter sido um especialista em corrupção "nem muito menos" ter praticado.

Momentos depois, ele afirmou que, "certamente" houve corrupção em seu governo, mas que ele não foi informado. Em 1997, dois deputados federais do Acre disseram ter votado, em troca de R$ 200 mil, a favor da emenda que permitiu a reeleição do ex-presidente no ano seguinte.

"Às vezes as pessoas dizem: 'claro que no seu governo havia corrupção'. Certamente, mas eu não fui informado, eu não era a favor, eu não permitia e essa não era a base em que meu governo se sustentava", disse.

Segundo ele, os delitos de corrupção na época "eram atos individuais ou um misto de clientelismo com leniência". "Não eram um mecanismo fundamental para que um governo ganhasse ou mantivesse o poder", disse. Com informações da Folhapress.

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