Vadão quer conversar com Cristiane para estancar levante

À reportagem, ele também comentou sobre o nível da seleção brasileira feminina

© REUTERS/Gonzalo Fuentes

Esporte seleção feminina 29/09/17 POR Folhapress

Há cinco dias como treinador da seleção brasileira feminina de futebol, Oswaldo Alvarez, o Vadão, 61, convive com a revolta de algumas atletas após a demissão, no último dia 21, da técnica Emily Lima, antecessora no cargo.

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Desde a última quarta-feira (27), três jogadoras anunciaram que não vestirão mais a camisa da seleção: a atacante Cristiane, 31, do Changchun Yatai (CHI), a meia Fran, 27, do Avaldsnes Idrettslag (NOR), e a lateral Rosana, 35, do North Carolina FC (EUA).

Das três atletas, Cristiane esteve na Rio-2016, último torneio oficial do treinador no comando da equipe. Já Fran e Rosana não foram convocadas para a competição, mas foram chamadas na era Emily, que durou dez meses.

+ Marta diz que não se aposentará da seleção, mas está triste por colegas

"Recebi vários pedidos para que eu repensasse, mas eu não vejo outra alternativa. Não tenho mais forças para aguentar. Todas as atletas estavam gostando do trabalho e ficamos sem entender por que todas as comissões tiveram tempo grande de trabalho, fizeram o ciclo todo e essa não teve sequer a oportunidade", afirmou a atacante.

Ela ainda disse que o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, deveria ouvir as atletas e reclamou do valor das diárias (R$ 250) que as jogadoras recebem quando atuam pela seleção brasileira.

"Quantas vezes vão acontecer vários pedidos e ninguém vai escutar? Toda vez foi assim, de pedir e ninguém escutar. Cansei de pedir."

Vadão afirmou que ficou surpreso com a decisão e ressaltou a importância da jogadora para a equipe.

"Eu conversei com a Cristiane momentos antes de ela tomar essa decisão. Ela falou que estava com a opinião definida. Coloquei e expliquei sua importância no grupo. Expliquei que caso ela pensasse melhor e resolvesse voltar, estaremos de braços abertos. É uma atleta de ponta e sabemos da sua importância. Pretendo conversar novamente, mas agora pessoalmente para tentar mudar essa decisão", disse Vadão à reportagem.

O treinador afirmou também que vê como normal o apoio das atletas à antiga técnica. "Vejo como absolutamente normal e louvável a atitude das meninas de defenderem a continuidade do trabalho. É uma situação natural e não me incomoda em nenhum momento. Eu não faço parte da queda da Emily. Eu nem sonhava em voltar".

Principal jogadora da história no país, a atacante Marta, 31, espera o retorno das companheiras.

"A Marta está muito triste. Ela disse que vai continuar lutando pelo fomento e desenvolvimento da modalidade no país. A maior ferramenta para isso é atuar pela seleção", afirma o empresário da atleta, Fabiano Farah.Nesta sexta-feira (29), Vadão fará sua primeira convocação. Em outubro, a seleção disputará um torneio na China, que terá também a participação das seleções do México e da Coreia do Norte.

SELEÇÃO PERMANENTE

O novo treinador da seleção brasileira afirmou também que ainda estudará com o presidente da entidade, Marco Polo Del Nero, a implementação da seleção permanente. Na sua passagem anterior, Vadão dirigiu a seleção permanente durante duas temporadas.

"Ainda não conversamos sobre a criação da seleção permanente. Neste momento, não acho viável porque a maioria das atletas da seleção está fora do país. Só é viável se o presidente quiser criar uma seleção doméstica", disse.

"A seleção doméstica é uma ideia para o próximo ano caso não tenhamos as atletas que estejam fora do país na disputa da Copa América, que é classificatória para o Mundial e Olimpíada. Como não sabemos se a competição será realizada em Data Fifa, pode ser viável a formação para oferecer uma estrutura adequada para as atletas atingirem um bom nível físico", explicou o treinador, lembrando que após a conquista dos Jogos Pan-Americanos de 2015 várias atletas deixaram o Brasil para atuar no exterior.

EMILY E FUTEBOL FEMININO

Vadão também comentou as críticas feitas ao seu trabalho pela antecessora no cargo, Emily Lima. De acordo com ela, o atual treinador não teve um bom começo e foi preservado pela CBF. Emily também citou a amizade de Vadão com o coordenador técnico da seleção brasileira feminina, Marco Aurélio Cunha.

"Fui pego de surpresa. Quando cheguei na seleção brasileira em 2014, a Emily era treinadora da sub-15 e sub-17. Ela está fazendo algumas críticas, mas não vou ficar debatendo. Só fiquei surpreso com essas críticas. Tenho 25 anos de carreira sólida", disse.

À reportagem, ele também comentou sobre o nível da seleção brasileira feminina.

"O que faz um time ser competitivo é a repetição, A convivência, a manutenção é o que dá essa condição de sempre estar evoluindo. Temos um bom nível de atletas, mas temos que trabalhar muito porque não temos excesso de atletas. Temos boas jogadoras, mas não temos reposição", disse ele, citando a volante Formiga, 39, que se aposentou da seleção brasileira no final da última temporada.

"A reposição da Formiga é muito difícil. A Formiga ainda tem condições de jogar pela seleção brasileira e pretendo também conversar com ela", completou. (Folhapress)

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