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O geógrafo polonês Piotr Wilczynski, 34, espera o próximo conflito. Guerras são inevitáveis, diz. Ele treina um grupo paramilitar de universitários a usar armas pesadas e blindados.
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Wilczynski recebe a reportagem em sua sala na Universidade Pedagógica da Cracóvia, no sul polonês. Uma parede é decorada por um mapa de 1935, que usa para explicar as ameaças ao país.
A Ucrânia, que tem fronteira com a Polônia, vive um confronto separatista e teve seu território da Crimeia anexado pela Rússia em 2014 -algo que os governos do leste europeu dizem poder ser repetido em seus países.
Foi essa preocupação que levou autoridades polonesas a anunciar um programa incentivando a entrada de universitários no Exército. O governo vai oferecer aulas teóricas e acampamento militar de 22 dias a voluntários, que farão parte da reserva.
Wilczynski formou em 2013 um grupo universitário paramilitar, treinando alunos a manejar armas automáticas. O exemplo foi repetido em todo o país, preocupando analistas quanto à militarização da sociedade polonesa.Esses estudantes são conhecidos como Legia Akademicka, a Legião Acadêmica.
O nome tem razão histórica: remonta ao fim da Primeira Guerra (1914-1918), quando o comandante Stanislaw Miller recrutou estudantes para uma legião com um trem blindado. Só havia duas máquinas do tipo no país, dando fama à trupe.
FORÇAS ESPECIAIS
Wilczynski ressuscitou a Legião da Cracóvia em 2013 e foi seu comandante por quatro anos. Ele foi escolhido porque havia servido no Exército, que é voluntário na Polônia, e trabalhava ocasionalmente como instrutor de tiro nas Forças Armadas.
"Pareceu-me uma boa ideia porque vamos ter um conflito armado em breve. A pergunta é 'quando', e não 'se'. É preciso estar pronto."
Wilczynski diz ter recebido sinal verde do Exército, que emprestou material para os treinamentos, como tanques.É preciso estar na universidade para participar e o grupo tem cerca de 150 membros.
O professor diz ter recebido garantia do governo de que a Legião vai ser incorporada às Forças Armadas no ano que vem.Não são todos os que entendem o projeto, porém. Wilczynski diz que a universidade quis demiti-lo quando seus alunos passaram a ir às aulas com uniformes militares. "Eles disseram que eu estava tentando montar o meu próprio Exército." Com informações da Folhapress.