© REUTERS / Albert Gea (Foto de arquivo) 
RENAN TANANDONE - Após o Parlamento catalão aprovar a lei que garante o direito da região a realizar um plebiscito para se separar da Espanha, um clima de tensão foi instaurado no país. A comunidade autônoma ignorou todas as repreensões do governo espanhol e decidirá seu futuro nas urnas, no dia 1º de outubro.
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A Catalunha tem pouco mais de 7,5 milhões de habitantes, e sua independência causaria muitos problemas econômicos e políticos para a Espanha, já que a região responde por 19% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, principalmente nos setores de exportação, indústria e turismo. No entanto, uma eventual ruptura catalã afetaria também o futebol espanhol.
O Barcelona no futebol catalão - A região da Catalunha tem como seu principal clube o Barcelona, que, por ser uma das potências do futebol mundial, é muito importante comercialmente para o Campeonato Espanhol e a Federação Espanhola.
Caso fosse criado um Campeonato Catalão, o Barcelona poderia perder força, principalmente por conta do baixo nível de seus possíveis adversários. Além disso, o time dificilmente conseguiria manter o mesmo patamar de investimentos caso atuasse apenas contra rivais regionais.
Mas o clube blaugrana não seria o único prejudicado. A Uefa também só tem a perder com uma eventual secessão, já que o novo país precisaria se filiar à entidade, e o Barça, esperar algum tempo para voltar à Liga dos Campeões da Europa, que sofreria queda de audiência e de interesse com a ausência de uma de suas estrelas.
Uma das opções para o Barcelona evitar tal cenário seria imitar o Swansea, equipe do País de Gales que, devido à fragilidade da liga nacional, disputa o Campeonato Inglês. No entanto, é incerto como reagiria a torcida blaugrana caso o clube abandonasse sua região.
O Campeonato da Catalunha - Atualmente, apenas três clubes da Catalunha disputam a elite do futebol espanhol: Barcelona, Espanyol e Girona. Já na segunda divisão, estão Gimnàstic de Tarragona e Reus Deportiu.
O restante dos times pertence a divisões inferiores, principalmente a terceira e a quarta. Para sobreviverem em um novo torneio nacional, as pequenas equipes catalãs precisariam de investimentos, cenário que poderia levar ao renascimento de agremiações históricas, como o Club Esportiu Jupiter, hoje amador, e o Català FC, que foi o maior rival do Barça no início do século 20.
As seleções da Espanha e da Catalunha - Sem os jogadores catalães, a seleção da Espanha perderia peças importantes, como Jordi Alba, Gerard Piqué, Sergio Busquets e Martín Montoya, mas teria condições de repor parte desses nomes com jovens de Real Madrid, Atlético de Madrid e Sevilla, por exemplo. Já a base do time catalão dependeria de Barcelona e Espanyol.
A seleção da Catalunha já existe, mas não disputa torneios oficiais. Seu maior artilheiro, Sergio García, ídolo do Espanyol, tem oito gols pela equipe.
Opinião dos jogadores - O técnico do Manchester City, Pep Guardiola, treinou o Barcelona e é um defensor entusiasmado do plebiscito, já tendo participado de diversas manifestações em defesa da autodeterminação catalã.
"Os cidadãos da Catalunha demonstraram mais uma vez sua civilização. Nestas situações, não é fácil se controlar, e eles o fizeram. Estamos em boas mãos, as pessoas que nos conduzem farão o que a gente pede", disse recentemente.
O zagueiro Gerard Piqué, do Barcelona, é outro a favor da separação, apoiando a causa nas redes sociais. "A partir de hoje e até domingo, vamos nos expressar pacificamente. Não vamos lhes dar razões. Isso é o que eles querem. Cantemos bem alto e forte", escreveu no Twitter.
Rival de Piqué em campo e fora dele, Sergio Ramos, do Real Madrid, ironizou a mensagem. "O tuíte de Piqué não é o mais indicado se ele quer que não o vaiem. Talvez não seja a melhor mensagem para o grupo, mas cada um é livre para dizer o que pensa", disse.
Por fim, o técnico da Espanha, Julen Lopetegui, quer a permanência do zagueiro do Barcelona na seleção espanhola. "Ele estará aqui, conosco, e tenho certeza que com o mesmo comprometimento e a vontade de sempre, porque sei que ele dá a vida pelo país. Sobre questões que não dizem respeito ao campo, não posso opinar", concluiu. (ANSA)