© Reuters / Bruno Kelly
A comunidade da Rocinha, localizada na Zona Sul do Rio de Janeiro, foi cenário de conflitos intensos nas últimas semanas. O clima de tensão fez muitos jovens perderem a prova do vestibular da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), iniciado no dia 17 de setembro.
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"A minha mãe fez de tudo para distrair a gente. Teve uma hora em que ela estava brincando, e eu ri tanto que caiu uma lágrima. Foi aí que comecei a chorar. Bateu aquele nervosismo. Não consegui fazer a prova, estava preocupada com a minha avó, que mora em outro lugar da favela, com medo pela minha família dentro de casa. Era uma mistura de sentimentos. Eu me sentia muito impotente", contou a moradora da comunidade, Vitória, de 18 anos.
Outro entrevistado pela coluna Cotidiano, da 'Folha de S. Paulo', Gabriel, disse que ouviu o barulho ao sair do banho, por volta das 6h40. "Parecia que o tiroteio estava dentro de casa. Dá uma sensação de total instabilidade, mas segui os preparativos. Coloquei a roupa. Tinha uma esperança que ia passar", contou.
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A também moradora da Rocinha, Brena, que sonha em cursar pedagogia, descreveu o momento de frustração ao perceber que não conseguiria sair de casa. "Deu 8h, 8h30, 9h, e nada de os tiros pararem. Aí caiu a ficha de que tinha perdido a prova. Comecei a chorar, porque estudar o ano inteiro e não conseguir sair por causa de um tiroteio é muito triste", disse.
Segundo a reportagem, coordenadores de cursinhos como o PVCR (Pré-Vestibular Comunitário da Rocinha) disseram que se reuniram com o reitor da Uerj, mas a universidade alegou que não poderia fazer nada.
A universidade afirmou que não havia instrumentos para formular uma prova extra, ou tempo hábil. "Lamentamos que não possamos ajudar a minimizar esse problema, ocorrido fora dos muros da universidade e dos locais de prova", comunicou a Uerj.