© Antonio Cruz/Agência Brasil
O presidente Michel Temer deve apresentar sua defesa, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), nesta quarta-feira (4), de acordo com interlocutores do governo. Ele esteve reunido, no último domingo (1º), com alguns ministros, para traçar as estratégias a serem adotadas durante este semana, na Câmara dos Deputados.
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É lá que o destino de Temer será decidido, durante votação em plenário, quando os parlamentares darão voto contra ou a favor da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), acusando o peemedebista de obstrução da Justiça e organização criminosa.
Além dele, os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, e da Secretaria-Geral, Moreira Franco, também são alvo da PGR, pelos mesmos crimes. Ambos devem seguir o presidente e apresentar suas defesas na quarta. Os advogados estão, inclusive, conversando entre si, para não haver descompasso envolvendo a data.
Os três denunciados, mais o ministro Antonio Imbassahy, da Secretaria de Governo, participaram do encontro no Jaburu, na noite de ontem. Na ocasião, segundo informações de O Globo, a situação do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), escolhido como relator da denúncia na CCJ, foi um dos assuntos da pauta.
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O Planalto recebeu com alívio a informação de que ele, apesar da pressão que tem sofrido dentro do PSDB, não deve abandonar a função. "Sei que há observações contra (a minha escolha), por razões partidárias. Há atitudes justas e injustas, mas não se tem que dar bola para isso. Há conflitos de ordem política, estamos vivendo situação muito conturbada. Fui designado pelo presidente da CCJ e, como membro da comissão, sou obrigado a aceitar. É a ele que cabe me manter ou não", disse Bonifácio, ainda na semana passada.
Quando da primeira denúncia contra Temer, por corrupção passiva, Andrada votou favorável ao presidente. Além disso, é considerado próximo a Aécio Neves, um dos apoiadores de Temer no PSDB, apesar do desgaste gerado após as últimas delações.
A postura de uma ala dos tucano, encabeçada pelo presidente interino da sigla, Jasso Jereissati (CE), e pelo líder do partido na Câmara, deputado Ricardo Trípoli (ES), aliás, tem deixado o governo irritado. Eles defendem a saída de Andrada do cargo.
Por isso mesmo, na reunião no Jaburu, ficou decidido que o mapeamento na CCJ será reforçado. O PSDB votou rachado na CCJ, em julho, quando Temer foi acusado pela primeira vez.
Nesta segunda-feira (2), Jereissati tem encontro com Andrada, para tratar sobre a relatoria. Já nesta terça, será a vez de Trípoli se reunir com os deputados tucanos, para discutir o impasse.
O cenário tem divido a base governista. "O que estão fazendo com o Bonifácio é desrespeito", afirmou um interlocutor do presidente.
"O deputado deveria abrir mão da relatoria. Mas pelas declarações, já disse o contrário. Trípoli deveria retirá-lo da CCJ. Essa situação do PSDB está chegando a um nível insustentável", reclamou o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES).
"Esses cabeças pretas são, na verdade, cabeças ocas. Se querem atrapalhar o país, pelo menos não se associem a uma denúncia ridícula como essa", disparou o vice-líder do governo na Câmara, Carlos Marun (PMDB-MS).