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A boca humana pode abrigar cerca de 700 tipos de bactérias. Geralmente, elas não causam grande impacto e as pessoas convivem bem com essa população de micróbios, que são controlados através da escovação dos dentes e do uso do fio dental. Mas quando essas bactérias – especialmente um determinado tipo chamado Streptococcus gordonii – saem do controle e migram para outros tecidos através da corrente sanguínea, os efeitos podem ser devastadores inclusive para o coração.
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Pesquisadores da Universidade de Bristol, no Reino Unido, revelaram que a endocardite é a cardiopatia mais comum causada por essa bactéria – que estimula a formação de coágulos de sangue nas válvulas do coração, levando o paciente a um quadro de insuficiência cardíaca aguda e grave. Quando não diagnosticada e tratada imediatamente, essa doença pode ser fatal. Segundo Helenice Biancalana, Diretora do Departamento de Prevenção da APCD (Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas), a endocardite é uma doença cardíaca grave e que deve ser diagnosticada precocemente, sendo que o cirurgião-dentista tem papel importante na prevenção das doenças bucais dentro da abordagem multidisciplinar.
“Apesar de a higienização oral contribuir muito na prevenção de doenças sistêmicas, é importante que as pessoas compreendam a gravidade de uma infecção bucal não tratada. Tem gente que passa anos negligenciando uma ferida recorrente nas partes moles da boca, gengiva que sangra, formação de abcessos, próteses mal ajustadas, enfim, são tantos os quadros que poderiam ser rapidamente tratados e curados no consultório odontológico antes de atingir um estado mais grave, que possa comprometer a saúde geral e a vida do paciente”, diz Helenice.
Dados do Incor (Instituto do Coração) revelam que morre um em cada quatro pacientes com endocardite. As complicações são muitas. Por isso é importante identificar pessoas que tenham higiene bucal deficitária, tratá-los, e principalmente reeducá-los nos que se refere aos cuidados com a saúde bucal.
Os sintomas mais comuns de endocardite bacteriana são febre baixa, fadiga, perda de peso sem motivo aparente, suor excessivo e dores nas articulações. “Quando um paciente apresenta alguns desses sintomas e vai a uma clínica odontológica fazer um tratamento dentário, o cirurgião-dentista deve encaminhar esse paciente a um cardiologista e ainda durante o tratamento da afecção bucal avaliar a necessidade de medida terapêutica com antibioticoterapia. Apesar de não ser atribuição do cirurgião-dentista diagnosticar a endocardite bacteriana, cabe a ele perceber o risco potencial do paciente e sugerir medidas que contribuam para a prevenção da sua saúde.
*Estudos mostram que o problema é mais comum em homens, na faixa etária entre 45-70 anos, que apresentem indícios de falta de higienização bucal adequada. Vale lembrar que também é preciso uma abordagem especial, multiprofissional e integrada em pacientes que sabidamente são cardiopatas ou já enfrentaram cirurgias cardíacas”.