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"Netflix é o caralho", disparou Tom Rothman, chefão dos estúdios Sony, quando mostrou um trecho de "Blade Runner 2049", em março. Na disputa contra o streaming, os cinemas se apegam a marcas que tenham ressonância na cabeça do espectador, caso do cultuado "Blade Runner" original, de 1982.
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Mas quem for aos cinemas assistir à versão de Denis Villeneuve esperando encontrar muitos ecos da obra de Ridley Scott vai levar um primeiro susto com a paleta de cores.
Se no filme dos anos 1980 predominavam os azulados da cidade iluminada pelos painéis de neon, o novo é preenchido por tons âmbar. Também causa estranhamento o tanto de cenas rodadas durante o dia em oposição à noite onipresente do original.
Se o futuro para Scott (2019, no caso) era uma paranoia cyberpunk cheia de sirenes e imensos painéis anunciando produtos japoneses, o de Villeneuve evoca uma hecatombe humanitária, com lixões a céu aberto e cidades abandonadas.
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Outros elementos do longa clássicos, contudo, estão lá, caso dos olhos como "janelas da alma", a vida solitária em pequenos apartamentos e o temor ante as grandes corporações empresariais. Já nos primeiros minutos, Villeneuve entrega que vai enveredar por uma das várias questões abertas no filme anterior: seria Deckard (Ford) um replicante? Aqui, não há dúvidas: o novo protagonista, K (Gosling), de fato é um androide e sabe bem disso.
Mas aqui não cabe extrapolar mais na revelação do enredo. Reside nisso o que talvez seja um dos elementos mais cinematográficos do novo "Blade Runner", para além do visual deslumbrante bradado pelo executivo Rothman. É que, à moda antiga, Denis Villeneuve investe numa trama com direito a reviravolta que, a exemplo dos filmes "noir" dos anos 1940, pode estragar a maior parte do encanto do filme caso seja revelada. Com informações da Folhapress.