© Nacho Doce / Reuters
A uma semana de embarcar em viagem para a Itália, o prefeito de São Paulo, João Doria, disse hoje (5) que o governo brasileiro precisa extraditar o italiano Cesare Battisti, condenado à prisão perpétua por ataques cometidos nos anos 1970 e atualmente residente no país graças a um asilo político concedido pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
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"Ele tem que ser deportado e deve cumprir a pena para a qual foi julgado na Itália. Foi uma exorbitância do governo Lula e Dilma de proteger um criminoso. Isso não é dar asilo político, isso é proteger um criminoso", criticou Doria, em entrevista exclusiva à ANSA. "Agora temos um governo democrático, que respeita as leis do Brasil e a de um país-irmão, como a Itália", completou o prefeito, que visitará Milão e Veneza na próxima semana para encontros com políticos locais e investidores.
Battisti foi detido ontem na cidade de Corumbá, em Mato Grosso do Sul, na fronteira do Brasil com a Bolívia. Ele tentava entrar na Bolívia com o equivalente a R$ 23 mil em moeda estrangeira e, por isso, foi retido por evasão de divisas. Seus opositores alegam que Battisti tentava fugir do Brasil, enquanto o italiano se defendeu dizendo à Polícia Federal (PF) que estava apenas indo pescar com os amigos e fazer compras na Bolívia.
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Hoje escritor, Battisti é um antigo membro do Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), grupo de extrema esquerda ativo na Itália nos anos 1970. Em 1987, ele foi condenado pela Justiça italiana à prisão perpétua por terrorismo, por quatro homicídios atribuídos ao PAC, além de assaltos e outros delitos menores. Viveu como foragido na França, mas deixou o país quando Paris acatou um pedido de extradição da Itália. Battisti, então, mudou-se para o Brasil.
Em 2007, após ele ser detido no Rio de Janeiro, o governo italiano apresentou outro pedido de extradição. Battisti ficou em prisão preventiva em Brasília, no cárcere de Papuda, mas, no último dia de seu mandato, o ex-presidente Lula assinou um decreto negando o pedido de extradição à Itália. A decisão foi duramente criticada pelo governo italiano. (ANSA)