© REUTERS/Alaa Al-Marjani
O livro 'Diários de Raqqa', que acaba de ser lançado no Brasil, traz um relato de um estudante que vê sua vida se transformar após o Estado Islâmico ocupar a cidade e espalhar medo, restrições e incertezas entre os cidadãos.
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Apesar das conexões de internet e linhas de telefone serem controladas pelos rebeldes na capital do autoproclamado “califado” do Estado Islâmico na Síria oriental, correspondentes da rede BBC conseguiram fazer contato com um grupo ativista de mídia, o Al-Sharqiya 24. Um de seus membros, sob o pseudônimo de Samer, tomou a corajosa decisão de compartilhar com os jornalistas seu diário pessoal que resultou no livro, editado pela Globo Livros.
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Para ajudar a proteger a identidade de Samer, já que a comunicação com a mídia ocidental é punida com morte nas áreas de dominação do EI, as mensagens enviadas foram criptografadas e mandadas a um terceiro país, antes de serem repassadas à BBC. “Seguiu-se assim um extraordinário e arrepiante vislumbre de como a brutalidade e as injustiças perpetradas pelo Estado Islâmico permeiam quase todos os âmbitos da vida em sua agora infame capital”, conta Mike Thomson, correspondente da BCC, no prefácio.
Ilustrado, o livro mostra como a rotina de um jovem que frequentava a universidade, estava apaixonado, tinha uma família unida e muitos amigos se transformou após a invasão do Estado Islâmico. Após ver as pessoas que amava serem exterminadas, as tradições da comunidade onde cresceu apagadas e a economia local arruinada, Samer decidiu revelar ao mundo o que estava acontecendo com as pessoas comuns que viviam em Raqqa, o que o fez se tornar um dos alvos do EI. Após algum tempo, Samer conseguiu escapar da cidade e atualmente vive em um campo de refugiados no norte da Síria.