© Alex Ferreira / Câmara dos Deputados
"Toque em um de nós e nos tocará a todos", disse o advogado Luiz Flávio D'Urso nesta segunda-feira (9), no ato de desagravo da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) ao criminalista Antônio Cláudio Mariz de Oliveira.
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O encontro em São Paulo, demonstrou a união da classe: reuniu os defensores mais influentes do país, em uma crítica ao vazamento à imprensa de trechos da delação do doleiro Lúcio Funaro que envolviam Mariz.
Estavam lá Cristiano Zanin, advogado do ex-presidente Lula, Pierpaolo Bottini e Antônio Cláudio de Almeida e Castro, o Kakay, defensores, entre outros, dos irmãos Wesley e Joesley Batista. Além de presidentes e representantes de entidades como o IDDD (Instituto de Defesa do Direito de Defesa) e o Instituto dos Advogados do Brasil.
O tom geral era de insatisfação com uma reportagem do jornal "O Globo", depois reproduzida pelo Jornal Nacional, que relatava trecho da delação premiada de Funaro.
O doleiro, tido como operador de Eduardo Cunha, relatou ter se reunido no escritório de Mariz, então seu advogado, para tratar de uma delação premiada combinada com os executivos da JBS.
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Advogado de Michel Temer, Mariz representou o presidente na primeira denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) contra o peemedebista. Desta vez, abandonou a defesa na segunda denúncia, que leva em conta o depoimento de Funaro.P
ara a OAB, a reportagem com o vazamento do depoimento do delator violou as prerrogativas do exercício da advocacia ao divulgar o conteúdo de uma suposta conversa sigilosa entre o profissional e seu cliente.
Em seu discurso, Mariz fez críticas à "falta de limites e peso" da imprensa e disse haver um "conluio entre a imprensa e a cultura punitiva" que, de acordo com o advogado, "criou uma ruptura entre o direito penal e o seu exercício".
"A imprensa se tornou o arauto dessa conduta punitiva", afirmou ele. Depois, a jornalistas, ele afirmou que não se referia especificamente a reportagens sobre a operação Lava Jato, mas de uma prática que disse ser histórica.
"Por que entendem os jornalistas que o direito à informação é ilimitado?", disse o advogado. Para ele, "a mídia tem obrigação com a veracidade" e "não pode soltar a informação a esmo e correr atrás da veracidade depois".
Marcos da Costa, presidente da seccional paulista da OAB, mencionou em seu pronunciamento a "tipificação do crime da publicidade ofensiva" em países como os Estados Unidos. Esse dispositivo, disse, permite anular julgamentos que foram influenciado pela exposição do caso na mídia, a ponto de orientar as decisões do juiz.
À reportagem, Costa afirmou que a Ordem planeja iniciar uma série de debates e audiências públicas sobre o assunto no Brasil.
"É um debate fundamental até que ponto a Justiça não está sendo contaminada pela exposição de casos pela mídia", afirmou o presidente da OAB-SP. Com informações da Folhapress.