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A epilepsia é a doença neurológica mais comum do mundo, acometendo cerca de 50 milhões de pessoas, de acordo com Organização Mundial de Saúde (OMS). Ainda assim, os pacientes enfrentam diariamente o preconceito, que se origina, principalmente, da desinformação por parte da maioria da sociedade.
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Eduardo Caminada Júnior, um dos grandes nomes na luta pela conscientização sobre a epilepsia no país, foi diagnosticado aos 3 anos de idade e com o tempo aprendeu a conviver bem com a doença e os estigmas provenientes dela. Atuando como Diretor do Purple Day® Brasil (Dia Mundial de Conscientização da Epilepsia) e membro da diretoria da Associação Brasileira de Epilepsia (ABE), ele fala da importância de dar mais voz a quem passa pela mesma condição.
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“Como toda doença, existem sim desafios a serem enfrentados para o tratamento e estabilidade do quadro, mas o preconceito não deveria estar entre eles”, conta Caminada.
Caminada elencou cinco pontos que merecem destaque quando se trata da epilepsia e da falta de conhecimento. Como complemento clínico, a Dra. Maria Luiza Manreza, neurologista pela Universidade de São Paulo (USP), aponta aspectos importantes:
1. Não é uma doença transmissível – “É comum que as pessoas especulem a transmissão pela saliva, por exemplo, que é produzida em excesso durante uma crise tônico-clônica generalizada, aquela na qual a pessoa pode perder a consciência e cair. No entanto, trata-se de uma doença neurológica, que não é transmitida pelo contato”, explica a Dra. Maria Luiza.
2. A epilepsia não afeta a cognição – Essa é não é uma doença mental, mas neurológica, que não impede qualquer faculdade mental.
3. Existem diferentes manifestações da doença, além da convulsão – A epilepsia se manifesta de formas distintas em cada paciente. “Alguns exemplos são as crises de ausência, caracterizada por um “desligamento”, em que o paciente fica com o olhar fixo e perde o contato com o meio por alguns segundos, voltando depois como se nada tivesse ocorrido, e as crises focais, quando comprometem áreas mais restritas do cérebro”, diz a especialista.
4. Não é possível engolir a própria língua – “Essa é uma das constatações que mais escuto”, conta Eduardo. Biologicamente, não é possível engasgar com a própria língua, o que não deve ser uma preocupação frente a uma convulsão. No entanto, é possível engasgar com a saliva, por exemplo, e por isso é necessário virar o paciente de lado, afastar objetos e esperar a crise passar.
5. Eu posso viver uma vida normal! – Pessoas com epilepsia podem e devem ter uma vida normal. “Existem tratamentos diversos para a epilepsia, através de fármacos, dietas e até mesmo cirurgias, que estabilizam a doença e evitam crises”, pontua a Dra. Maria Luiza. “Sigo uma vida normal, tenho uma filha saudável, trabalho e sou feliz, mas isso só aconteceu depois de um processo longo e necessário de compreensão da minha doença, que envolveu falar sobre ela também”, finaliza Caminada.