Rio recebe retrospectiva do cineasta francês Jacques Demy

Mostra é realizada na Caixa Cultural, a partir desta terça-feira (10)

© Getty Images

Cultura cinema 10/10/17 POR Notícias Ao Minuto

A Caixa Cultural Rio de Janeiro apresenta, a partir desta terça-feira (10) até domingo (22), a mostra de cinema Jacques Demy: entre o realismo e a fantasia, que abrange um amplo painel da carreira do cineasta francês, associada à música marcante de compositores como Michel Legrand, e ao talento de estrelas como Catherine Deneuve, Anouk Aimée, Marcello Mastroianni e Gene Kelly. Serão apresentados 11 filmes do diretor, cinco dos quais projetados em sua bitola original de 35 mm, e três ainda inéditos no Brasil, além de quatro produções relacionadas ou influenciadas por seu trabalho.

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Na seleção, o curador Sylvio Gonçalves incluiu obras bastante conhecidas, como Os Guarda-Chuvas do Amor (1964), estrelado por Catherine Deneuve e vencedor da Palma de Ouro de Cannes. Outras duas produções com Deneuve ganharão exibição: o musical Duas Garotas Românticas (1967) e a fábula Pele de Asno (1970).

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O público carioca também terá a oportunidade de conferir longas-metragens do início da carreira de Demy, como Lola, a Flor Proibida (1961) e A Baía dos Anjos (1963), que, ainda que estivessem inseridas no célebre movimento da Nouvelle Vague, acabaram sendo pouco conhecidas por aqui. O mesmo ocorre com títulos como Um Quarto na Cidade (1982), Parking (1985) e Trois Place Pour Le 26 (1986) que, por conta do declínio da distribuição de filmes europeus, a partir dos anos 1980, permanecem inéditos nos cinemas brasileiros.

Agnès Varda, viúva de Demy e cineasta igualmente influente, participa da temporada com os documentários Les Demoiselles ont eu 25 ans (1993), O Universo de Jacques Demy (1995) e o drama Jacquot de Nantes (1991), inspirado na infância do homenageado. Destaca-se, por fim, a presença do musical hollywoodiano La La Land – Cantando Estações (2016), amplamente influenciado por Demy.

O mergulho na trajetória do diretor francês será complementado por palestras e debates acerca de diferentes aspectos de sua obra, bem como por uma série de sessões comentadas, com a presença de cineastas, críticos e acadêmicos. Já os pequenos poderão participar de uma sessão de contação de histórias no Dia das Crianças (12), logo após o filme infantil Pele de Asno (1970), às 15h.

Ao longo de toda a temporada, um catálogo com textos inéditos será distribuído gratuitamente. Em paralelo à programação na CAIXA Cultural Rio de Janeiro, a mostra inclui exibições gratuitas no Cinemaison – cineclube do Consulado da França no Rio, na próxima segunda-feira (16). O projeto tem patrocínio da Caixa Econômica Federal e do Governo Federal.

A obra de Jacques Demy (1931-1990) é de grande importância no cinema francês, por ter estabelecido uma ponte entre o realismo de seus contemporâneos e o cinema fantástico de pioneiros como Jean Cocteau (A Bela e a Fera – 1946). Inicialmente identificado como membro do movimento da Nouvelle Vague, Demy, a exemplo de François Truffaut (Jules e Jim – Uma Mulher Para Dois, 1962), criou ao longo de sua carreira um universo pessoal, baseado em suas experiências de juventude, no qual podemos encontrar personagens recorrentes, como a cantora de cabaré Lola. Em 1964, Demy inaugurou um estilo próprio de cinema cantado, espécie de ópera moderna, que retirou o gênero musical do domínio do cinema hollywoodiano e da língua inglesa.

O filme Os Guarda-Chuvas do Amor (1964) conquistou o mundo com sua história melancólica, inteiramente cantada em francês, ao som das belas melodias de Michel Legrand. Lançados respectivamente em 1967 e 1970, Duas Garotas Românticas e Pele de Asno embeveceram os fãs de musicais, justamente no período em que Hollywood amargava fracassos no gênero. Numa vertente paralela, Demy investiu no cinema fantástico, revisitando os contos de fadas em filmes como A Lenda da Flauta Mágica (1972) e a mitologia grega, como em Parking (1985). É a essa transição serena entre realismo e fantasia que faz referência o subtítulo da retrospectiva. Atualmente, Jacques Demy é tido como influência de realizadores como François Ozon e Damien Chazelle. Veja aqui a programação completa.

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