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Para suprir o fornecimento, a companhia também precisará ampliar as importações, comprometendo ainda mais suas finanças.
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Os sindicalistas acusam a Petrobrás de operar a refinaria acima da capacidade com o objetivo de alcançar recordes de produção, além de cortes nas equipes e nos gastos com manutenção preventiva (ver matéria abaixo). Este é o quinto acidente de grande porte em refinarias da empresa em menos de 40 dias.
"Em agosto, a carga da unidade passou de 5 mil metros cúbicos por dia para 6 mil, um aumento de 20% quando o recomendado seria de 10%. Foi quando começou uma série de pequenos acidentes. Os equipamentos, bombas, compressores, e torres não suportam a carga", afirmou Simão Zanardi, presidente do Sindpetro de Caxias. "As máquinas estão explodindo de tanto operar. Os trabalhadores, estão adoecendo. Eles estão com medo", completa.
Incêndio.
Na noite do último sábado, por volta das 18h, foi diagnosticado o entupimento em uma das torres da unidade e acionada uma bomba para liberar o fluxo de óleo. Com a pressão, parte do óleo vazou e a bomba explodiu, explica Zanardi. Ninguém ficou ferido. As chamas chegaram a mais de 20 metros de altura, mas a brigada de incêndio controlou o fogo e isolou a área. Ao menos seis bombas foram danificadas.
Segundo o sindicalista, após o acidente, a presidente da Petrobrás, Graça Foster, visitou a unidade acompanhada do diretor de abastecimento, José Carlos Consenza, para avaliar o impacto da paralisação. Procurada, a assessoria da empresa não foi localizada para confirmar a informação. Em nota, a companhia informou que uma comissão foi instalada para investigar as causas do acidente.
Durante a visita, técnicos da empresa estimaram em três dias a retomada da produção, o que é contestado pelo Sindpetro. "Os trabalhadores vão fazer um movimento para não retornar sem condições que garantam a segurança. A empresa quer recomeçar ativando bombas substitutas, para não parar a operação durante os reparos. É muito perigoso", afirma.
Finanças.
Se prolongada, a paralisação da unidade pode afetar a produção de combustíveis, como gasolina e diesel. Não há até o momento estimativas sobre a queda na produção da companhia. Com a ampliação das importações de combustíveis e derivados de alto valor agregado, a Petrobrás começa o ano aprofundando uma crise na gestão financeira que se arrasta desde 2012.
Sem poder praticar os preços internacionais do petróleo cotados a dólar por determinação do governo federal, como forma de conter a inflação, a Petrobrás acumula déficits em sua balança comercial. Especialistas calculam que, em 2013, a empresa teve o pior resultado dos últimos 13 anos.
Para compensar as perdas, a empresa tem elevado a utilização das suas refinarias ao máximo, visando ampliar a produção. Outra medida adotada foi o corte de gastos, com um programa de desinvestimento em projetos internacionais e otimização de recursos de manutenção e pessoal. Os sindicalistas afirmam que as reduções têm afetado a segurança e a manutenção das refinarias.
Adriano Pires, consultor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura CBIE), a Petrobrás tem uma "política de preços maluca" e faz uso "irresponsável" das refinarias. " Para fazer caixa estão rodando as refinarias em nível acima do que deveria, colocando em risco os trabalhadores e equipamentos", afirma.