© Handout/Reuters
Considerado um dos fenômenos mais violentos do universo, a colisão de duas estrelas de nêutrons foi observada pela primeira vez por astrônomos. O evento, que provocou ondas gravitacionais e um flash mais brilhante do que milhares de sóis, pode ser visto através de telescópios óticos tradicionais. Especialistas afirmam que a explosão fornece respostas a vários mistérios, como, por exemplo, a origem do ouro na Terra.
PUB
O Observatório a Laser de Ondas Gravitacionais (Ligo), que tem sua base nos Estados Unidos, foi o primeiro a capturar o momento em que duas estrelas ultradensas colidiram violentamente e se fundiram, formando um buraco negro.
"O que é incrível nesta descoberta é que é a primeira vez que temos uma imagem completa de um dos eventos mais violentos e cataclísmicos do universo. Esta é a campanha de observação mais intensa que já existiu ", disse Dave Reitze, diretor executivo do Ligo.
As duas estrelas foram notadas por centros de estudos em 17 de agosto e vinham sendo acompanhadas desde então.
+ Astrônomos indicam de onde vêm perigosos raios cósmicos
Benoit Mours, do Centro Nacional de Pesquisa Científica francês, contou à agência de notícias "AFP" que foi possível observar o fenômeno desde o início. "O que é maravilhoso é que assistimos toda a história do início ao fim: vimos as estrelas de nêutrons se aproximarem, girar cada vez mais rápido uma ao redor da outra, vimos a colisão, a matéria e os resíduos enviados em todas as direções", explicou.
A colisão criou o que se chama uma "quilonova", algo nunca visto antes pelos cientistas. Essa foi o primeiro evento cósmico da história a ser testemunhado através de telescópios óticos tradicionais, que podem observar radiações eletromagnéticas como raios gama, e detectores de ondas gravitacionais, que detectam as "rugas" no espaço-tempo produzidas por grandes explosões no espaço distante.
As estrelas de nêutrons são os objetos mais densos do cosmos, com massa que varia de 1,1 a 1,6 vezes a massa do Sol. Trata-se de núcleos comprimidos de grandes estrelas que explodiram como supernovas há milhões de anos.
Estima-se que os corpos observados tinham massas entre 10% e 60% maiores do que a do nosso Sol, mas eram bem menores. Eles giravam um em torno do outro na constelação de Hydra, no Hemisfério Sul, a 130 milhões de anos-luz de distância.
Os corpos "alcançam temperaturas extremamente altas, de até um milhão de graus. São muito radioativos, seus campos magnéticos são incrivelmente intensos e seriam fatais para qualquer corpo que se aproximasse", explicou Patrick Sutton, chefe da equipe de física gravitacional da Universidade de Cardiff, do Reino Unido.