© Wilson Dias/Agência Brasil
Dois dias após a instalação de novo capítulo da crise com o Palácio do Planalto, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta terça-feira (17) que a polêmica está superada e até ajudou a garantir o andamento da denúncia na Casa, favorecendo o presidente Michel Temer.
PUB
Maia afirmou que "nada afeta" sua relação com Temer e que apenas reagiu à declaração da defesa do presidente da República, que havia chamado "criminoso vazamento" a divulgação de vídeos da delação do operador financeiro Lúcio Funaro, cujo conteúdo foi publicado pela reportagem desde sexta-feira (13).
O material havia sido disponibilizado no site da Câmara dos Deputados. Na delação, utilizada pela PGR (Procuradoria-Geral da República) para embasar a segunda denúncia contra Temer, Funaro implica o presidente e vários integrantes do PMDB, como os ministros Moreira Franco (Secretaria-Geral) e Eliseu Padilha (Casa Civil).
Maia defendeu a publicação alegando que o conteúdo não estava sob sigilo e chamou o advogado de Temer, Eduardo Carnelós, de "incompetente" e "irresponsável".
+ Em meio à votação de denúncia, Temer convida Doria para jantar
"Reagi na altura que achei que era relevante para que ele [o advogado] entenda que há uma relação de respeito, de aliança com o presidente Michel Temer, mas, de nenhuma forma, podemos aceitar que uma frase infeliz e dura do advogado não tenha uma reação para defender a instituição e seus servidores", disse Maia nesta manhã.
Maia também minimizou declaração que deu à Folha de S.Paulo no domingo (15): "Depois de tudo que eu fiz, esta agressão não faz sentido. Daqui para frente vou, exclusivamente, cumprir meu papel institucional, presidir a sessão [da denúncia da PGR]."
'IMPARCIALIDADE'
Nesta terça (17), Maia disse que a postura correta para o presidente da Câmara é a de imparcialidade.
"A minha imparcialidade, de fato, não tem nada por trás dela, nenhum fato para ajudar ou atrapalhar o presidente Michel Temer", afirmou Maia, salientando que inclusive ajudou Temer nesta manhã, já que convocou duas sessões para que a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) pudesse começar a sessão de debates.
"Já que a base não conseguiu colocar quorum de manhã até as 9h30, essa sessão da CCJ já poderia ter ficado para o dia de amanhã [quarta-feira (18)]", disse o presidente da Câmara.
Com a realização dos debates nesta terça (17), a votação na comissão pode ser realizada nesta quarta, o que permite a apreciação da denúncia em plenário no próximo dia 25. O Planalto tem pressa em encerrar esta questão.
Maia também disse não ver problema no fato de Michel Temer ter encaminhado carta aos deputados na qual pede apoio contra a denúncia. "Muito melhor que seja assim do que de forma oculta", disse Maia.
O presidente da Câmara anunciou ainda que cancelou sua viagem oficial ao Chile nesta quarta-feira. Disse ter entendido que sua ausência no dia da votação da denúncia na CCJ poderia ser "mal interpretada".
SEGURANÇA
No final da manhã desta terça-feira (17), Maia recebeu o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
Moraes comandará uma comissão de juristas que, ao longo dos próximos quatro meses, vai discutir propostas para modificar e endurecer a legislação que trata do tráfico de drogas e armas.
Maia quer votar as propostas antes da campanha eleitoral de 2018, quando o Congresso fica esvaziado. Com informações da Folhapress.