© Issei Kato/Reuters
A chuva intensa e os fortes ventos trazidos pela passagem do tufão Lan não atrapalharam os planos da coalizão governamental do primeiro-ministro Shinzo Abe, que conquistou uma vitória ressonante nas eleições legislativas antecipada de domingo, dia 22, no Japão.
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De acordo com as pesquisas de boca de urna feitas pelas principais emissoras de tevê e pelos jornais, o Partido Liberal Democrata e o aliado Komeito garantiram dois terços das 465 vagas para a Câmara Baixa, que equivale à Câmara dos Deputados no Brasil.
É praticamente certo que Abe conquiste então o terceiro mandato, entrando assim para a história como o líder que mais ficou no cargo após a Segunda Guerra Mundial. Ele está no poder desde 2012 -e pode continuar no cargo até 2021-, após uma rápida e desastrosa passagem entre 2006 e 2007.
Com a maioria ampla na Câmara, analistas políticos preveem que o primeiro-ministro deve colocar como pauta prioritária uma ambição antiga: rever a Constituição pacifista do Japão.
A situação, no entanto, pode não ser tão encorajadora para as forças pró-Abe.
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Pesquisas divulgadas neste domingo pelas mídias japonesas mostraram um paradoxo: grande parte da população tem uma frustração acumulada com o governo do primeiro-ministro, justamente por causa da ideia irredutível de Abe de querer mudar o artigo 9 da Constituição, na qual diz que o Japão renuncia à guerra.
Uma das pesquisas, realizada pelo jornal liberal Asahi, apontou que 51% dos entrevistados não queriam que Abe continuasse como líder do país. O forte contraste em relação aos resultados das urnas é justificado na pesquisa pela falta de uma melhor opção.
O Partido da Esperança, criado no final de setembro pela governadora de Tóquio, Yuriko Koike, surgiu como uma grande ameaça no começo da campanha eleitoral. Mas as fracas propostas e a decisão de Koike de não concorrer ao pleito fizeram o partido perder força e, de acordo com as pesquisas, o partido deve suar para manter os 57 lugares ocupados pelos candidatos antes da dissolução da Câmara.
A surpresa é o também oposicionista Partido Democrático do Japão, que deve aumentar sua posição e ganhar força, subindo de 16 assentos para 58, de acordo com as projeções.
COREIA DO NORTE
Este é um notável momento para Abe, cujo controle do poder começou a escorregar de suas mãos no final do primeiro semestre, quando uma série de acusações de favorecimentos, gafes e encobrimentos de erros derrubaram sua popularidade.
Acusado pela oposição de insipiente para continuar no cargo, o primeiro-ministro conseguiu reverter a situação após assumir uma postura mais rígida contra as ameaças da Coreia do Norte - que chegou a disparar dois mísseis que sobrevoaram o território japonês -, e prometer usar o dinheiro arrecadado com o imposto sobre consumo na educação e na previdência, ao invés de pagar a dívida interna, como era previsto.
"Nós não podemos mais nos deixar enganar pela Coreia do Norte. Não podemos sucumbir às suas ameaças. Temos que garantir que os norte-coreanos não tenha outra opção senão mudar sua política e retornar à mesa de negociações", disse Abe no último discurso político antes das eleições.
TUFÃO
As eleições legislativas, na qual cerca de 100 milhões de japoneses estavam habilitados a participar, foi baixa devido à passagem do tufão. Classificado como "super forte", muitas cidades emitiram aviso de evacuação e os moradores foram encaminhados para abrigos.
Pouco antes das 20h, quando se encerrou o pleito, a participação dos eleitores era de apenas 30% em todo o país.
No entanto, não estavam sendo computados os votos antecipados, o que é permitido no Japão alguns dias antes da eleição oficial. Um total de 21,4 milhões de japoneses já haviam depositado seus votos nas urnas.
A apuração de todos os votos deve atrasar, segundo divulgou o governo, por que em algumas ilhas o serviço de balsas foi suspenso por causa da passagem do tufão. Outros lugares tiveram estradas fechadas, por perigo de deslizamentos, além de centenas de voos cancelados. Com informações da Folhapress.