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Quando a gestante descobre que está grávida de gêmeos é sempre uma surpresa. Para acalmar as futuras mamães e informar as tentantes, o Dr. Alberto D’Áuria, ginecologista e obstetra da Maternidade Pro Matre Paulista, esclarece alguns mitos e verdades sobre esse tipo de gestação.
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2. Os sintomas da gravidez gemelar são diferentes.
Verdade. A gestante produz hormônio de forma duplicada. Elas terão mais chance de apresentar hiperemese gravídica, maior aumento do abdome, problemas posturais precoces, mais dores abdominais, mais dificuldade nos deslocamentos. Os cuidados precisam ser maiores.
3. Se eu tenho caso de gêmeos na família, a chance de eu ter é maior.
Verdade. O histórico de gêmeos na família da mulher pode influenciar na gravidez, pois já existe uma tendência que, durante a ovulação, essa mulher libere mais de um óvulo. Exceto quando os gêmeos foram fecundados a partir de uma fertilização in vitro.
4. Existem alimentos que estimulam a gravidez gemelar.
Mito. A liberação de óvulos não tem a ver com alimentação.
5. Fertilização in vitro sempre gera gravidez de gêmeos.
Mito. As fertilizações in vitro aumentam as chances de ter gêmeos quando a mulher é mais velha e o médico implanta mais de um embrião. Essas pacientes, orientadas pelo médico, fazem uma boa reserva de ácido fólico previamente e se alimentam melhor. Em resultado ao novo estilo de vida das mulheres, elas possuem um envelhecimento mais lento, então, com uma boa orientação médica, o seu organismo pode ter uma ótima reação frente às transferências de vários embriões que acabam ficando no útero com sucesso.
6. Mulheres mais velhas tem maior chance de ter gêmeos.
Verdade. Tanto de forma espontânea, quanto na reprodução assistida, as chances de ter gêmeos são maiores. Na assistida, o esterileuta (médico especializado na reprodução humana), após conversa com a paciente, tende a colocar mais de dois embriões em mulheres mais velhas, para aumentar as chances de engravidar.
Já na espontânea as chances são maiores, pois, a partir de 36 anos, os ovários tendem a ovular de forma dupla ou tripla, aumentando a possibilidade de uma gravidez de gêmeos bivitelinos.
7. Gravidez de gêmeos dura menos.
Depende. Normalmente, as gestações gemelares tendem a ser prematuras, porque a placenta não está preparada para receber mais de um feto de cada vez. Quando a gestante entra na 30ª semana, já é importante que o médico se preocupe em acelerar a atividade pulmonar dos fetos. Isso é feito com medicamentos já pensando na possível prematuridade dos bebês.
8. O trabalho de parto é igual.
Mito. O trabalho de parto é igual, porém, com o volume do útero quase que duplicado, a intensidade e a frequência das contrações podem ter comportamentos diferentes de uma gestação de feto único.
9. É mais improvável ter parto normal.
Verdade. O trabalho de parto é mais difícil na gravidez gemelar e, além disso, o segundo feto pode ser prejudicado, dependendo do tempo que o primeiro demorar. Só quando o primeiro sai que o segundo consegue começar a se encaixar na posição correta para o parto.
10. Qualquer gravidez múltipla (gêmeos, trigêmeos, quíntuplos) ocorre da mesma forma?
Mito. Quanto maior o número de fetos, maior a chance de complicações.
11. Gravidez gemelar tem mais riscos.
Verdade. Com a evolução humana, o corpo da mulher passou por inúmeras modificações que resultaram na diminuição da capacidade ter gestações múltiplas. Hoje, o corpo está preparado para desenvolver apenas um feto por vez, por isso, qualquer gestação gemelar é de risco. Afinal, ter dois fetos, significa ter uma distensão uterina para dois corpos, em um corpo preparado para apenas um. Com isso, aumentam os riscos de prematuridade, diabetes gestacional, doença hipertensiva específica da gravidez (pré-eclampsia). Muitas vezes a cerclagem do colo uterino – cirurgia que tem o objetivo fechar a o canal de saída do colo uterino evitando ao máximo que o bebê nasça prematuramente – também é recomendada nesses casos.
Na gravidez gemelar univitelina ainda existe o risco de ocorrer a transfusão feto-fetal, na qual, por uma questão natural, um dos gêmeos vai tentar ‘sequestrar’ toda a circulação sanguínea do outro, porque a circulação sanguínea placentária nesses casos muitas vezes fica em desequilíbrio sacrificando um dos fetos. Essa doença pode ser diagnosticada a partir da 16ª semana e pode ser corrigida com cirurgia.
Dica: ter um bom acompanhamento pré-natal para que o médico indique a melhor forma de lidar ou prevenir com cada uma das eventuais intercorrências é essencial. É feita uma dieta para a gestante com adequação calórica, redução de ingestão de sal, uso de magnésio, vitamina D, ômega 3. Recomenda-se que a mulher realize exercícios físicos durante a gravidez e que o médico tenha uma atenção na atividade da tireoide. Além disso, ela vai precisar de mais repouso e, provavelmente, deve se afastar antes para sua licença maternidade.