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O fórum "Investir em Portugal" reuniu autoridades e empresários para discutir aproximação econômica e trâmites necessários para se tornar residente fiscal no país europeu. O evento foi realizado nesta quarta-feira (26), na capital paulista, em uma parceria entre a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), com o Consulado Geral de Portugal e a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (Aicep.
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O encontro foi realizado em quatro painéis que abordaram a consolidação de Portugal como destino favorável a investimentos, bem como as diferenças culturais e as dinâmicas de negócios que devem ser consideradas entre investidores de ambos os países.
O cônsul-geral de Portugal em São Paulo, Paulo Lopes Lourenço, iniciou o evento falando sobre as razões para a aproximação econômica entre empresários brasileiros e o país.
"Portugal não está na moda, pois o interesse do Brasil por Portugal não é apenas circunstancial", afirmou Lopes Lourenço. "Portugal está nos corações dos brasileiros, mas também em um plano de racionalidade econômica para investidores em potencial. Estamos aqui para uma relação de longo prazo entre os países", completou Lourenço.
Segundo o cônsul, nunca houve uma proximidade tão grande entre as nações e, por isso, é preciso aproveitar o momento para sintonizar oportunidades de negócios. O número de novos residentes fiscais brasileiros no país europeu cresce, em média, 30% ao ano e deve aumentar em 2017 - número que pode estar subestimado pelo grande número de brasileiros que têm dupla cidadania.
Outros dados citados por Lourenço ajudam a comprovar o interesse dos brasileiros em se aproximar de Portugal: atualmente, 25 universidades portuguesas já aceitam o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como forma de acesso ao ensino superior. Além disso, o Consulado Português em São Paulo chega a receber 60 novos pedidos diários de cidadania.
"Esse fenômeno da dupla nacionalidade é importante. Cria fatores de longevidade anticíclicos entre Portugal e Brasil. A maior comunidade estrangeira em Portugal atualmente é a brasileira", ressaltou.
"Com sua capacidade criativa e espírito crítico, o brasileiro consegue enxergar em Portugal oportunidades que os portugueses não conseguem ver", concluiu o diretor de Relações Institucionais da EDP Brasil e presidente da Federação das Câmeras Portuguesas no Brasil, Nuno Rebelo de Sousa.
"Portugal está na moda e vai continuar na moda. Mas não me parece que seja uma moda passageira", concordou o CEO do Grupo André Jordan, Gilberto Jordan.
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"A razão de estar na moda é que Portugal foi descoberta por suas atrações intrínsecas, e não por algo artificial. Elas sustentarão os crescimentos turístico e econômico no longo prazo", completa. "Portugal é uma pequena potência, um país pequeno, mas muito capaz hoje em dia. Ele pode corresponder ao mais alto nível de exigências empresariais", completou.
Os palestrantes afirmaram que o perfil do empresário brasileiro é cauteloso e conservador, e é comum que ocorram algumas visitas ao país europeu para estudar o ambiente antes que estes tomem decisões de negócios. Entre as razões que os motivam a optar por Portugal, o diretor da Agência de Investimento e Comércio Externo de Portugal (Aicep), Fernando Carvalho, destacou que houve 500 medidas implantadas desde 2010 para aumentar a competitividade e o ambiente de negócios. Por causa das mudanças, segundo ele, Portugal se tornou o 25º melhor país do mundo para fazer negócios, de acordo com o ranking Doing Business 2017, publicado pelo Banco Mundial.
Entre as modificações, está a diminuição da burocracia para abrir empresas: em Portugal, começar um negócio demora quatro dias e meio e envolve procedimentos. Efetuar um registro predial demora apenas um dia e implica um só processo.
Entre as vantagens competitivas de Portugal, os especialistas citaram também a localização. "Estamos dentro da União Europeia, no extremo ocidental da Europa, o que nos torna um dos países mais próximos da economia dos Estados Unidos, com três horas de fuso-horário tanto para Brasília quanto para Moscou. Além disso, estamos próximos do continente africano", lembrou Carvalho. Infraestrutura, logística e qualidade de recursos humanos são outras razões elencadas pelo diretor.
Para além da similaridade do idioma, os palestrantes foram unânimes ao afirmar que a cultura e a dinâmica de negócios entre os dois países são distintos, e esse é um quesito que exige atenção dos empreendedores. "Quando falamos de negócios, temos de ser pragmáticos: o mercado português é mais maduro que o brasileiro, e quanto mais maduro o mercado, mais no alvo você tem de acertar. Negócios são pessoas", observou o sócio-fundador da Gbis, Gonçalo da Cunha Ferreira.