© Diogo Sallaberry / Divulgação
Guardas municipais e socorristas do Samu interromperam uma apresentação de dança do bailarino Igor Cavalcante Medina, de 26 anos, por acharem que o artista estava tendo um surto psiquiátrico. O incidente aconteceu no último sábado (28), em Caxias do Sul (RS). Após a intervenção, ele foi sedado e acabou passando 8h sob efeitos dos remédios.
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De acordo com a revista Veja, Igor apresentava sozinho o espetáculo "Fim" em uma praça no centro da cidade, em atividade promovida pela prefeitura,o festival Caxias em Movimento. Em meio à performance, socorristas teriam aplicado o sedativo no local e levado o artista para o Pronto-Atendimento 24h, conhecido como Postão.
"Cheguei no lugar (da apresentação) e a guarda municipal me abordou junto com o Samu. Foram invadindo sem me perguntar nada, já foram chegando. Eu falei que tinha autorização da prefeitura para estar ali, mas não quiseram me escutar. Disseram que eu tinha um surto psicótico. Me amarraram na maca e me colocaram na ambulância. Me deram uma injeção de tranquilizante e fiquei oito horas amarrados no Postão aguardando um psiquiatra atestar que eu estava lúcido", conta Medina.
“Falei que estava no meio de uma apresentação e não quiseram me escutar. Quando me abordaram eu estava declamando um poema. Se tivessem parado para me ouvir, isso não tinha acontecido. Eu não tinha como reagir porque eram cinco pessoas me segurando. Tentei conversar porque não dava conta de reagir. Na ambulância, um deles pressionou o punho cerrado no meu peito para eu ficar sem fôlego e parar de falar” , relembra ele.
Ele estava declamando um poema sobre questões de discriminação racial e social no momento da abordagem. “Mata, espanca, xinga , mutila, esquarteja, destrói, sangra, mas isso é só se for pobre, preto e sofredor”, dizia um trecho do texto decorado. Procurada, a prefeitura informou que “está apurando as informações sobre a abordagem ao bailarino”.