© Marcelo Camargo/Agência Brasil
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse, em Pistoia (Itália), acreditar que as declarações do ministro da Justiça, Torquato Jardim, sobre a condução da segurança pública no Estado do Rio de Janeiro sejam verdadeiras, mas que o ministro agiu de forma inadequada.
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"Eu acho que ele falou muita verdade ali, só que não sei se foi da forma adequada. Eu acho que talvez aquela entrevista valesse depois de uma ação da polícia, com meses de investigação, pegando aqueles que estão boicotando as ações de segurança no Rio", declarou Maia à reportagem.
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Ao blogueiro do UOL Josias de Souza, o ministro afirmou nesta semana que o sistema de segurança pública do Rio não é controlado por suas autoridades, mas sim por um acordo entre deputados estaduais e o crime organizado.
O ministro disse, ainda, estar convencido de que a morte do Coronel Luiz Gustavo Lima Teixeira, 48, no último dia 26, se tratava de "acerto de contas". Teixeira, que era comandante do 3º batalhão da PM do Rio, estava em um carro que foi atingido por 17 tiros. O episódio aconteceu durante um arrastão, segundo a polícia.
As afirmações abriram uma crise entre a pasta e autoridades estaduais, com acusações do presidente da Alerj (Assembleia Legislativa do Estado), Jorge Picciani (PMDB), respostas duras do secretário de Segurança, Roberto Sá, e oficiais da Polícia Militar ameaçando entregar seus postos.
Em viagem internacional nesta semana, Maia já cobrou provas das afirmações do ministro.
Nesta quinta (2), em visita ao Monumento Votivo Militar Brasileiro, na Itália, o presidente da Câmara comentou novamente sobre a decisão de Torquato: "Essa investigação certamente vai dar resultado, mas vazar antes da hora talvez tenha atrapalhado".
Nos últimos anos, Maia tem ganhado força política e ele é um dos citadas para concorrer à eleição ao governo do Estado do Rio de Janeiro no próximo ano.
Nesta quarta (1º), o atual governador, Luiz Fernando Pezão (PMDB), questionou no STF (Supremo Tribunal Federal) as declarações do ministro da Justiça.
Para o presidente da Câmara, o pemedebista "está defendendo o direito dele, o que é legítimo".
CRISE
O Rio enfrenta uma grave crise financeira, com cortes de serviços e atrasos de salários de servidores, e está perto de um colapso na segurança pública.
Um outro efeito dessa crise tem sido o aumento dos índices de criminalidade e a redução do número de policiais em favelas ocupadas por facções criminosas. As UPPs, bases policiais em comunidades controladas pelo tráfico, perderam parte de seu efetivo.
Nos últimos meses, têm sido rotina mortos e feridos por bala perdida, além de motoristas obrigados a descer de seus carros para se proteger dos tiros.
Outro braço dessa crise é a morte de policiais. Só neste ano já foram 113 PMs assassinados no Estado. A situação de insegurança também levou o presidente Michel Temer (PMDB) autorizar o uso das Forças Armadas para fazer a segurança pública do Rio até o final do ano que vem. Com informações da Folhapress.