© Hannah Mckay / Reuters
A revelação de mais de 13,5 milhões de documentos de empresas de políticos e personalidades do mundo da música neste domingo (5) colocou a rainha britânica Elizabeth II em uma situação delicada.
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De acordo com os documentos revelados pelo "Paradise Papers", a monarca teria investido cerca de 10 milhões de libras esterlinas (quase R$ 43 milhões) em fundos nas ilhas Cayman e Bermudas, dois conhecidos "paraísos fiscais".
O dinheiro seria proveniente do ducado de Lancaster, que é de propriedade de Elizabeth II. Por conta disso, políticos do país se manifestaram sobre o caso - e alguns até exigiram um pedido de desculpas.
A premier Theresa May pediu que seja feita uma discussão no Parlamento sobre evasão fiscal e investimentos em empresas offshore que ficam em paraísos fiscais pelo mundo. A ideia seria ter uma maior transparência fiscal no país.
Já os líderes de outros partidos exigiram uma resposta mais duro do governo e também da monarquia. Segundo Jeremy Corbyn, principal líder da oposição, exigiu que Elizabeth II apresente um pedido formal de desculpas por "tirar" o montante do país e "prejudicar" a arrecadação de impostos.
No entanto, defensores da rainha informam que há a possibilidade dela sequer saber desse tipo de investimento, já que sua fortuna é gerida por uma série de assessores.
Ter um investimento em uma empresa offshore não é considerado um crime, desde que tudo seja declarado ao Fisco do país-natal do investidor. Normalmente, essa manobra é realizada para pagar menos impostos.
Outros envolvidos: Além de Elizabeth II, a lista conta com 127 personalidades internacionais nos 13,5 milhões de documentos divulgados pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês).
Assim como ocorreu no escândalo "Panamá Papers" de 2016, os jornalistas espalhados por 67 países fizeram investigações sobre esses dados, no que está sendo considerado o maior vazamento de documentação do título da história.
Parte dos documentos foram divulgados neste domingo (5), assim como no primeiro escândalo, pelo jornal alemão "Süddeutsche Zeitung". Entre os citados, estão os músicos Bono Vox e Madonna, além do secretário de Comércio dos Estados Unidos, Wilbur Ross, e o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos.
No Brasil, há dois ministros com seus nomes revelados: o da Fazenda, Henrique Meirelles, e da Agricultura, Blairo Maggi.
Também consta o nome do homem mais rico do país, o empresário Jorge Paulo Lehmann, segundo informou o site "Poder360".
Entre as empresas, há ainda a citação de grandes multinacionais, como a Nike, Uber e Apple.
- Defesa: O presidente da Colômbia afirmou à imprensa de seu país, através de nota, que renunciou ao cargo na empresa offshore em Barbados antes de assumir o posto de ministro do Tesouro no governo de Andrés Pastrana (1998-2002).
Segundo o mandatário, ele atuou na área de criação da sociedade "por pouco tempo", destacando que "nunca investi dinheiro, nem fui sócio" da Global Tuition & Education Insurance Corporation.
Por isso, de acordo com Santos, "nunca precisei declarar essa atividade".
Já Wilbur Ross informou que os dados são "completamente errados" e que não há nenhuma ilegalidade na sua relação com a empresa russa Navigator Holdings. "Tratava-se apenas de uma relação comercial normal", disse à mídia. Com informações da ANSA.