Seis policiais são indiciados pela morte de brasileira em Lisboa

O sétimo agente não foi indiciado porque não estava armado

© Arquivo Pessoal 

Mundo investigação 17/11/17 POR GIULIANA MIRANDA, da Folhapress

Todos os policiais envolvidos na morte da brasileira Ivanice Carvalho da Costa, de 36 anos, atingida por um tiro, quando o carro em que estava foi confundido com o de assaltantes em Lisboa, na quarta-feira (15), permanecem em liberdade. O Ministério Público português abriu uma investigação para apurar as circunstâncias da morte da brasileira de 36 anos e indiciou 6 dos 7 policiais que participaram da ação. O sétimo não foi indiciado porque não estava armado e, portanto, não poderia ter efetuado os disparos.

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Por ora, os agentes da PSP (Polícia de Segurança Pública) precisaram assinar um termo de identidade e residência, além de serem transferidos do patrulhamento das ruas para serviços administrativos da corporação. Esta foi a primeira morte provocada pela polícia em 2017 em Portugal, um país que tem níveis bastante baixos de violência policial.

+ Patrão de brasileira morta em Lisboa pagará translado do corpo

O grupo está recebendo apoio psicológico. O Sindicato Nacional da Polícia de Portugal defendeu os agentes e criticou aqueles que classificaram a ação de truculenta pelo fato de terem sido feitos mais de 20 disparos contra o carro em que estava Ivanice e seu companheiro, ambos desarmados.

"É sempre muito fácil para alguns 'comentadores de bancada' virem criticar as ações policiais", diz uma nota do grupo, segundo a qual "os polícias apenas têm segundos para decidirem as ações que devem tomar". "Este sindicato está absolutamente convicto de que os mesmos não agiram com intenção de atentar contra a vida de quem quer que fosse, mas sim de imobilizar um veículo que estava em fuga."

+Policiais envolvidos em morte de brasileira estão 'muito abalados'

O Ministro da Administração Interna de Portugal, Eduardo Cabrita, lamentou o incidente, mas evitou responsabilizar os policiais. "A circunstância infeliz ontem [quarta-feira], verificada no quadro de uma perseguição, está neste momento a ser investigada pela Inspeção-Geral da Administração Interna, pelas autoridades judiciárias, pelo Ministério Público, no quadro das suas competências próprias. Tudo será apurado", disse.

O CASO

Na madrugada de quarta, a polícia confundiu o carro em que Ivanice e o namorado estavam, um Renault Megane preto, com outro veículo da mesma cor que havia acabado de participar de um assalto a um caixa eletrônico. O automóvel dos assaltantes, um Seat Leon, havia escapado de uma perseguição policial minutos antes, em uma região próxima ao local onde a brasileira foi atingida.

Segundo a polícia, o motorista do Megane não obedeceu às ordens de parar o carro e, durante a fuga, tentou atropelar os polícias, "que tiveram de afastar-se rapidamente para não serem atingidos" e "foram obrigados a recorrer a armas de fogo".

Fontes ouvidas pela reportagem dizem que o companheiro da brasileira, que não tinha carteira de habilitação nem seguro do carro, obrigatórios em Portugal, se assustou ao se deparar, na estrada, com vários carros da polícia. Ele, então, deu ré, bateu em uma parede e avançou contra os policiais, que atiraram.

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