Brasil coordena tropas estrangeiras na Amazônia

Semana de ações conjuntas reuniu quase 2 mil efetivos militares do Brasil, Colômbia e Peru

© Agência Brasil

Brasil ações 22/11/17 POR Notícias Ao Minuto

Um exercício de logística multinacional inédito na América do Sul, a AmazonLog 17 demonstrou a capacidade operacional das Forças Armadas brasileiras em realizar operações de resgate, ajuda humanitária e intercâmbio de segurança com países vizinhos na Amazônia.

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Realizadas na região de Tabatinga, na tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru, uma semana de ações conjuntas reuniu quase 2 mil efetivos militares desses três países, além de equipes de observadores latino-americanos, europeus, da Rússia e dos Estados Unidos.

O general de brigada Antonio Manoel de Barros, comandante de Abastecimento do Exército e que chefiou o Estado-Maior Combinado Multinacional da AmazonLog 17, falou com exclusividade à Sputnik Brasil sobre os objetivos e êxitos da missão, inspirada no exercício logístico realizado pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), em março de 2015, na Hungria.

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"O primeiro grande mérito foi a integração de países da tríplice fronteira e agências brasileiras, do Peru e da Colômbia. Fizemos numa área de dificílimo acesso. A distância de Portugal a Moscou é de pouco mais de 4 mil quilômetros. Nós, só do Rio de Janeiro, para o apoio logístico, utilizamos vários modais com mais de 6 mil quilômetros", exemplifica o general.

Na região de Tabatinga foram pesquisados quais seriam os principais problemas que poderiam acontecer também em outras regiões da Amazônia em caso de enchentes, secas, desastres naturais ou endemias que exigissem ações de evacuação civil em grande escala. O general Barros lembra que o esforço logístico da operação reuniu cerca de 80 organizações militares de várias regiões do Sudeste, Nordeste, Brasília e Rio de Janeiro, as duas últimas de onde partiram os contingentes médicos.

Quanto à participação de observadores estrangeiros nas operações, em especial dos Estados Unidos, que repercutiu fortemente na mídia brasileira, o general Barros esclarece que a participação americana se deu como nação amiga, assim como as demais, e pela expertise que o país tem nesse tipo de operação humanitária em todo o mundo.

"Um dos fundamentos de concepção do exercício é o respeito baseado em acordos. O Brasil não tem inimigos. Os países que participaram são países previstos nos inúmeros acordos de cooperação. Eles participaram a convite do Exército brasileiro, porque possuem expertise nesse tema não só em seu país como em todo o mundo. O efetivo foi de um pouco mais de 50 militares com uma aeronave Hercules C-130 que auxiliou na logística", diz o oficial.

O chefe do Estado-Maior do Combinado Multinacional afirma que dentro da Amazônia há várias Amazônias e que, ao lado das ações humanitárias — como prestação de serviços médicos de clínica geral, pediatria, odontologia, ginecologia, entre outros — um dos méritos da AmazonLog 17 foi o fortalecimento da presença do Estado na região.

"O índio, o caboclo, aquele habitante muitas vezes isolado, quando se faz qualquer tipo de ação se pensa, sim, em apoiar a população. Tivemos uma frente, no caso do Brasil, de cerca de 800 quilômetros com mais de 3.500 atendimentos médicos. Fizemos cinco evacuações aeromédicas reais, ou seja, não foram exercícios. Começamos na primeira semana, com um recém-nascido de uma indígena no interior da selva. Uma outra foi a de um colombiano que sofreu traumatismo craniano em Vila Bitencourt, que foi para um pelotão de fronteira do Exército, de lá até Tabatinga, onde as forças armadas da Colômbia assumiram o paciente."

Apesar do caráter humanitário da operação, o general Barros admite que a questão da segurança das fronteiras também foi discutida durante a AmazonLog 17, tendo em vista que a Região Amazônica é um dos portões de entrada de contrabando, drogas e armas com destino ao Brasil.

"Esse é um assunto muito amplo quando se fala do emprego das Forças Armadas. Tive a oportunidade de comandar a unidade de São Gabriel da Cachoeira — município no nordeste do Estado do Amazonas que faz fronteira de quase mil quilômetros com Colômbia e Venezuela —, num local chamado Cabeça do Cachorro. A gente sabe que temos que estar presente nas fronteiras porque muitas vezes o contrabando, o narcotráfico vai chegar às grandes cidades, por isso a necessidade de se reforçar as fronteiras. Por força legal, temos poder de polícia, e esse é um trabalho já perene que o Exército faz. Estamos 24 horas lá com nossos pelotões, numa estrutura que só nós temos. A AmazonLog deixou, sim, um efeito positivo na segurança das fronteiras", finaliza o general Barros. Com informações do Sputnik Brasil.

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