Com bate-boca, CPI ouve curadores de mostras 'polêmicas'

Comissão 'Maus Tratos' ouviu curadores de duas exposições que geraram polêmica nas redes sociais.

© Reuters

Cultura Exposição 23/11/17 POR Folhapress

Em clima de constrangimento, a CPI dos Maus Tratos ouviu nesta quinta-feira (23) os curadores de duas exposições que geraram polêmica nas redes sociais.

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Prestaram depoimento Luiz Camillo Osorio, curador da exposição do MAM (Museu de Arte Moderna) "35º Panorama da Arte Brasileira - Brasil por Multiplicação", e Gaudêncio Fidelis, curador da exposição "Queermuseu - Cartografias da Diferença na Arte Brasileira".

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Apenas quatro dos sete integrantes da comissão estavam presentes: o presidente, Magno Malta (PR-ES), o relator, José Medeiros (Pode-MT), e os senadores Marta Suplicy (PMDB-SP) e Humberto Costa (PT-PE).

Marta chegou a pedir desculpas aos curadores e se disse constrangida pelo fato de eles terem sido obrigados a prestar esclarecimentos. Inicialmente, a CPI aprovou a condução coercitiva dos curadores, mas os depoimentos acabaram sendo feitos por meio de convocação, na qual a participação ainda é obrigatória, mas o depoente não é levado.

A exposição "Queermuseu - Cartografias da Diferença na Arte Brasileira", com temática LGBT, estava em cartaz desde 15 de agosto no Santander Cultural em Porto Alegre e deveria permanecer no local até 8 de outubro, mas foi cancelada em setembro após pressão de grupos que a acusavam de apologia à pedofilia.

Já o MAM sofreu críticas por meio das redes sociais por ter realizado uma performance de um artista nu depois de ter viralizado no Facebook um vídeo de uma criança tocando o pé do homem.

MANIFESTAÇÃO

Ao abrir a sessão, o presidente anunciou que não aceitaria que representantes de movimentos ligados à cultura se manifestassem.

"Advirto que esta não é uma audiência pública, mas uma reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito. Advirto que, não sendo audiência pública, qualquer tipo de manifestação -isto aqui é uma comissão investigativa-, eu mandarei evacuar a sala. Espero que os senhores entendam o que estou dizendo", disse.

Antes de os depoimentos terem início, houve bate-boca entre os senadores. Magno Malta criticou Marta pedindo que ela encerrasse sua fala e dizendo que ela não costuma comparecer à CPI.

Em resposta, a senadora disse que deixaria a comissão pela forma como o presidente vem conduzindo os trabalhos.

"Vossa excelência tem conduzido, de forma autoritária, de forma desrespeitosa com as pessoas, inclusive em relação a esse episódio do museu e da exposição, é uma forma que realmente chocou a população que tem apreço pelo respeito à arte", disse.

Costa também criticou a abordagem da comissão. "Não vou entrar no mérito, inclusive, porque está claro que quem está praticando pedofilia não vai ficar nu dentro de um museu. Os pedófilos estão com uma toga, eles estão com uma bata de médico, eles estão com a batina de padre, estão de terno, muitos deles, e vivem no submundo, no submundo. Não vão ficar pelados nem fazendo pintura para expor numa galeria qualquer". disse.

NUDEZ E CENSURA

Durante os depoimentos, os curadores rebateram as acusações de que as exposições continham conteúdo de pedofilia.

"A exposição foi condenada por uma performance", disse Osorio. "É preciso explicar que essa nudez não tem nenhuma conotação erótica, sexual."

Já o curador da exposição "Queermuseu" disse que a polêmica levou a discussão para censura. "O que passou ser fundamental neste debate não é mais o mérito da exposição, mas a censura", afirmou.

"Exposições não são consenso, são locais de debate, de dissenso. Apontam para questões do futuro, de anseios da sociedade, dos debates que precisam ser feitos", disse.

As falas dos curadores foram rebatidas pelo presidente e relator da comissão. Para Malta, houve maus tratos a crianças. "Não estou falando aqui que houve coito, que houve crime. Não, eu estou falando de maus-tratos psicológicos."

Já Medeiros falou em conotação sexual. "O senhor me tira uma laje da cabeça ao dizer que não tinha crianças se tocando sexualmente".

Ao fim da sessão, Marta disse que a CPI tomou o caminho errado ao entrar na polêmica das exposições.

Ela disse que as exposições são de altíssimo nível e que foram "bombardeadas pela internet completamente mal interpretadas". Com informações da Folhapress.

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