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O diretor do escritório em Mônaco do banco Pasche, Jurg Schmid, aponta que Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, não teria apenas conta em sua instituição. Segundo ele, o brasileiro também teria dinheiro depositado no HSBC. A revelação faz parte de um áudio de uma reunião interna do banco em 2013, em que o executivo explica o motivo pelo qual aceitou abrir uma conta para o ex-cartola brasileiro, mesmo sob o risco de um problema de "reputação".
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"Tem um outro, o HSBC, que ainda tem uma conta dele (Teixeira)", disse Schmid. "Sabemos que ele recebeu dinheiro em troca de favores e etc", admitiu. Mas ele lembra que, no Brasil, a entidade que Teixeira encabeçava não era política, numa referência à natureza jurídica da CBF. "No Brasil, é uma entidade privada", disse o banqueiro, repetindo um mantra que o cartola usara por anos no País para evitar dar qualquer tipo de esclarecimento. Durante a reunião, o brasileiro é ainda mencionado como integrante do grupo dos chamados "clientes difíceis".
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A gravação foi realizada em março de 2013, por um vice-diretor do banco, Jean-Louis Rouillan. Ele teria pedido a reunião para alertar Schmid sobre preocupações quanto a contas suspeitas. Um mês depois, ele teria sido demitido. Mas levou consigo as gravações.
O áudio foi primeiro revelado em 2014 pelo site francês Mediapart. Naquela reportagem, Schmid afirmava que o brasileiro era um exemplo de cliente que "outros bancos não aceitariam". "Eu sei muito bem que nenhum outro banco em Mônaco lhe quis abrir uma conta", disse, destacando que o ex-cartola traria um importante volume de dinheiro à instituição.
No áudio, porém, o gerente não se limita a falar do banco Pasche e cita ainda a existência de uma conta no HSBC. Procurada pela reportagem do Estado desde a manhã deste domingo, a defesa do brasileiro ainda não se pronunciou.
Essas não seriam as únicas contas do ex-presidente da CBF. O FBI, em dezembro de 2015, enviou informações ao Ministério Público da Suíça pedindo que três contas fossem bloqueadas. Elas estavam nos bancos UBS, BSI e na Banca del Gottardo. Duas delas estavam em um nome de um doleiro, Willy Kraus. Mas os norte-americanos acreditavam que elas eram controladas, de fato, por Teixeira.
Em outubro de 2017, o Estado revelou com exclusividade que a Justiça francesa havia identificado uma conta em nome do brasileiro no valor de US$ 22 milhões. A suspeita é de que o dinheiro que fora depositado nela vinha de sua relação com um fundo do Catar, o mesmo que pagou por um amistoso da seleção brasileira e que também é responsável por erguer obras para a Copa de 2022 no país do golfo.
A suspeita dos investigadores é de que o dinheiro teria uma relação com o voto de Teixeira a favor do Catar, em 2010, para sediar o Mundial de 2022. Teixeira não se pronunciou quando a reportagem o procurou em outubro.
Na última sexta-feira, sua defesa apontou que a conta no Pasche foi declarada às autoridades fiscais. O banco não respondeu a e-mails e telefonemas da reportagem solicitando um comentário sobre o caso.
De acordo com e-mails e documentos, Teixeira passou a receber um tratamento VIP dentro do banco, com seu dossiê de viagens tratado até mesmo pelo vice-CEO da instituição.
Quem organizava seu quarto, se comunicava com o hotel e mesmo fazia mudanças nos planos de viagem não era uma agência de turismo. Mas os banqueiros da instituição financeira em Mônaco. Teixeira deixou a CBF em 2012 e, enquanto realizava viagens para o principado, dava um endereço em Delray Beach, na Flórida, nos Estados Unidos, como sua base.
Os dados revelam que, enquanto o Brasil inteiro estava focado no desempenho da seleção na Copa do Mundo de 2014 e dirigentes da Fifa multiplicavam viagens ao País para garantir que os estádios estivessem prontos, o dirigente que afirmava ter sido o responsável por trazer o evento ao País tinha outras prioridades: visitar seus banqueiros no principado de Mônaco. Documentos revelam que Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, proliferou viagens organizadas por seu banco a Montecarlo e chegou a ter reservas inclusive em dias de jogos do Brasil no Mundial. Com informações do Estadão Conteudo.