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Num estalar de dedos as férias já estão aí e até os olhos de quem não tem dificuldade para enxergar sofrem durante as viagens. Isso porque, funcionam como uma janela do nosso corpo. Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier de Campinas a dica número um nas viagens é consultar um especialista logo que perceber qualquer alteração na visão. Por exemplo, afirma, nas viagens modificamos os hábitos alimentares e, de repente, nossos olhos podem ficar embaçados por uma crise de hipertensão arterial ou de hipoglicemia em diabéticos, situações que exigem atendimento médico imediato.
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Outro sinal de alerta é enxergar pontos flutuantes e flashes de luz. O especialista afirma que pode ser apenas um sintoma da degeneração do humor vítreo, líquido que preenche o globo ocular. Mas também pode sinalizar descolamento, rasgo ou outro problema na retina, emergências com risco de perda permanente da visão.
Óculos reserva
No Brasil 1 em cada 2 pessoas precisa usar óculos ou lente de contato para corrigir a visão conforme estimativa do CBO (Conselho Brasileiro de oftalmologia). Apesar do alto índice, o oftalmologista conta que os prontuários do hospital mostram que 52% dos que precisam de correção visual só têm um par de óculos. Nem é preciso dizer que em caso de perda durante viagens muitos podem ficam em um situação complicada de locomoção e prática de atividades corriqueiras. Por isso, observa, quem usa óculos precisa ter, no mínimo, dois pares.
Colírio lubrificante
Nas viagens aéreas Queiroz Neto recomenda carregar na bagagem de mão frascos de colírio lubrificante para pingar durante o voo e combater o ressecamento da lágrima. Isso porque, na cabine dos aviões o ar tem menos oxigênio e a umidade cai 30%. O resultado é a maior evaporação da lágrima que tem a função de proteger os olhos. A falta de lubrificante facilita o aparecimento de conjuntivite e ceratite (inflamção da córnea), doenças que também aumentam durante as férias de verão por causa do calor e do contato dos olhos com a água contaminada de praias e piscinas, afirma.
Lentes de contato
O oftalmologista pontua que nos voos com mais de duas horas de duração as lentes de contato devem ser retiradas porque a baixa umidade da cabine provoca atrito com a camada externa da córnea, mesmo que o colírio seja instilado. Por isso, quem usa lente de contato também deve carregar na bagagem de mão a solução higienizadora para poder reutilizar as lentes na decolagem. Insistir no uso durante a viagem, destaca, pode provocar lesões superficiais na córnea que tem como sintomas olhos vermelhos, doloridos e lacrimejantes. Em pessoas com baixa imunidade, comenta, estas lesões infeccionam formando uma úlcera que leva à diminuição permanente da visão.
Restrições após cirurgias
Queiroz Neto ressalta que as viagens de avião só são contraindicadas quando uma pessoa passa por cirurgia feita com injeção de uma bolha de ar no olho que pode expandir perigosamente. Esta técnica, ressalta, é aplicada em alguns transplantes de córnea, nas cirurgias de retina e de catarata mais complicadas. Por isso, quem já passou por este tipo de cirurgia deve evitar as viagens aéreas.
Colírios perdem a validade
Segundo o médico quem tem glaucoma, doença que em 90% dos casos está relacionada ao aumento da pressão intraocular e é tratada com uso contínuo de colírios, deve informar ao oftalmologista quando vai viajar para que adapte a prescrição dos colírios ao tipo de viagem.
O especialista explica que todo colírio desnatura, ou seja, perde o efeito quando exposto à alta temperatura. Por isso, alguns precisam ser mantidos sob refrigeração durante as viagens. Este é o caso cetotifeno indicado para alergia ocular, e dos análogos de prostaglandina - latanoprosta e tafluprosta – indicados para tratamento de glaucoma. “A adesão ao tratamento do glaucoma pode significar a diferença entre enxergar e perder definitivamente a visão. Por isso é tão importante que a mudança de rotina não interfira no tratamento”, observa.