© Ueslei Marcelino / Reuters
Em sessão praticamente sem quórum, o empresário Eike Batista depôs à CPI do BNDES nesta quarta-feira (29), no Senado Federal, e afirmou ser um "soldado do Brasil".
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O dono do grupo EBX, que foi preso em janeiro e solto em abril deste ano, defendeu os empréstimos tomados junto ao BNDES por suas empresas e comparou a Lava Jato a uma revolução, mas disse sobre sua prisão que "revoluções às vezes cometem erros".
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"Eu sou brasileiro, sempre fui um soldado do Brasil, os meus recursos sempre foram investidos no Brasil", afirmou o empresário, em sessão que durou cerca de uma hora e 40 minutos. Ele disse que os empréstimos do grupo EBX com o BNDES foram cancelados e assumidos pelas empresas que compraram os empreendimentos do grupo durante sua crise.
Segundo ele, o banco entrou R$ 10 bilhões em empreendimentos do grupo em um universo de R$ 120 bilhões de investimentos, o que chamou de uma "complementação de capital".
Além disso, ao longo do depoimento, o empresário disse que sua prisão foi um erro da Lava Jato, comparou, em referência velada, a uma revolução. "Eu mesmo como brasileiro acho que tudo isso [a investigação] é excelente", afirmou, para emendar dizendo "revoluções às vezes cometem erros".
Se na CPI da JBS o clima dos depoimentos é tenso, com provocações dos parlamentares aos depoentes, como o empresário Joesley Batista, da JBS, que não respondeu às perguntas e foi chamado de "mafiozinho de terceira" pelo relator da comissão, Carlos Marun (PMDB-MS), o clima no depoimento de Eike começou cordial.
O assunto principal da comissão, a atuação do BNDES, ficou em segundo plano em boa parte das falas de Eike e nas perguntas dos senadores. O empresário discorreu sobre sua opinião sobre o mercado de petróleo, exibiu um vídeo de propaganda do Porto de Açu, no Rio de Janeiro. Em sua fala, por exemplo, o senador Jorge Viana (PT-AC) pediu a "visão do empresário" e afirmou que não tocaria em questões do Judiciário -Eike é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro.
Eike falou para apenas quatro senadores: o presidente da comissão, Davi Alcolumbre (DEM-AP), o relator, Roberto Rocha (PSB-MA), que deixou a sessão antes do final, Jorge Viana (PT-AC) e Lasier Martins (PSD-RS). A comissão tem 12 titulares.
Em 2015, o empresário já havia deposto em uma CPI do BNDES, desta vez na Câmara dos Deputados. Lá, afirmou que o BNDES teve "prejuízo zero" ao financiar obras do grupo EBX.
Já em maio de 2016, ele havia dito a procuradores da força-tarefa da Lava Jato que o BNDES era uma "área crítica" para aqueles que quisessem "passar o Brasil a limpo".
Eike foi preso em janeiro, alvo da Operação Eficiência, sob a suspeita de lavar US$ 16,5 milhões em esquema de pagamento de propinas com uso de contratos fictícios direcionados ao ex-governador
Sergio Cabral entre 2010 e 2011. Em fevereiro, foi denunciados por corrupção e lavagem de dinheiro. Na CPI, ele disse se "ressentir" de ser tratado como "filhote de um partido" e afirmou ter se envolvido pouco com a política. "Eu não sou um rato político", afirmou. Eike evitou responder perguntas sobre sua situação atual. Ao ser questionado por Lasier sobre o motivo de sua prisão, afirmou que está prestando os devidos esclarecimentos.
Em abril, o empresário foi solto por decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal.
A CPI do BNDES foi criada na esteira da crise da delação da JBS, em maio. O objetivo da comissão é apurar os contratos do frigorífico, e de outras empresas, com o banco de fomento. Paralelamente, foi criada a CPI da JBS, que, com senadores e deputados, apura contratos e a atuação da JBS. Com informações da Folhapress.