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As incertezas geradas pela indicação de desembarque do PSDB do governo e o impacto da decisão sobre a aprovação da reforma da Previdência intensificaram a cautela dos investidores e provocaram queda de 1,9% da Bolsa brasileira nesta quarta (29). O exterior conturbado também afetou o cenário e levou o dólar a R$ 3,24.
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O Ibovespa, índice das ações mais negociadas, caiu 1,94%, para 72.700 pontos. O giro financeiro do dia foi de R$ 9,7 bilhões, em linha com o volume médio de novembro, de R$ 9,4 bilhões.
O dólar comercial subiu 0,93%, para R$ 3,240. O dólar à vista, que fecha mais cedo, avançou 1,06%, para R$ 3,243.
O mercado acompanhou nesta sessão o anúncio do ministro Eliseu Padilha de que o PSDB decidiu deixar a base do governo. A intenção, que já era sinalizada pelo partido, aumentou a incerteza em torno da capacidade do Planalto de obter os votos necessários para aprovar a reforma.
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"O partido já está falando nisso há um tempo, mas acabou acelerando a incerteza no mercado. Os investidores agora vão esperar para ver o que acontece a partir disso", afirma Raphael Figueredo, sócio-analista da Eleven Financial.
O anúncio faz parte de estratégia do presidente Michel Temer de se antecipar ao movimento do PSDB, que deve deixar o governo federal na próxima semana, antes mesmo da convenção nacional do partido, marcada para o próximo dia 9.
Para discutir a viabilidade de se votar a reforma da Previdência, Temer convidou presidentes e líderes de partidos para um jantar no domingo (3).
O encontro acontecerá na residência oficial do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e contará com a participação dos ministros Henrique Meirelles (Fazenda) e Dyogo Oliveira (Planejamento).
O cenário externo ruim também prejudicou as negociações na Bolsa brasileira. O risco geopolítico provocado pelas ameaças da Coreia do Norte de fazer novos lançamentos de mísseis aumentou a aversão a risco nesta sessão.
O regime norte-coreano disse ter testado com sucesso um novo míssil balístico intercontinental nesta quarta (terça no Brasil). Segundo o governo, a arma coloca toda a área continental dos Estados Unidos ao alcance de seu poderio nuclear.
AÇÕES
Das 59 ações do Ibovespa, 51 fecharam em baixa. As outras oito subiram.
A maior queda foi registrada pelos papéis da CPFL (-6,89%). Os papéis do Banco do Brasil recuaram 4,53%, enquanto a Smiles perdeu 4,27%.
A Metalúrgica Gerdau liderou os ganhos do Ibovespa, com avanço de 1,38%. A Embraer subiu 1,30% e a Gerdau se valorizou 1,09%.
As ações da Petrobras fecharam com forte desvalorização nesta sessão, em meio à queda dos preços do petróleo. A commodity recuou nesta quarta com as dúvidas sobre a disposição da Rússia de estender um acordo para reduzir a produção entre alguns dos maiores exportadores do mundo, cujo objetivo é diminuir o excedente global e impulsionar as cotações.
Além disso, um relatório do Instituto Americano de Petróleo mostrou que os estoques dos EUA cresceram em 1,8 milhão de barris na semana encerrada em 24 de novembro, para 457,3 milhões de barris, contrariando expectativas de queda de 2,3 milhões de barris.
As ações mais negociadas da estatal caíram 3,22%, para R$ 15,33. Os papéis ordinários tiveram baixa de 2,27%, para R$ 15,91.
A mineradora Vale registrou queda de 1,52% em seus papéis ordinários, para R$ 35,70, apesar da alta do minério de ferro no exterior.
Entre os bancos, o Itaú Unibanco recuou 2,06%. As ações preferenciais do Bradesco tiveram queda de 1,91%, e as ordinárias perderam 1,13%. As units -conjunto de ações- do Santander Brasil tiveram desvalorização de 1,51%, para R$ 29,45.
DÓLAR
A moeda americana ganhou força ante 22 das 31 principais divisas mundiais.
Além do risco geopolítico provocado pela Coreia do Norte, o forte crescimento econômico dos Estados Unidos no terceiro trimestre contribuiu para o fortalecimento da moeda americana. O PIB (Produto Interno Bruto) avançou a uma taxa anual de 3,3%, também impulsionado por uma recuperação dos gastos do governo, informou o Departamento do Comércio em sua segunda estimativa.
Foi ritmo mais forte desde o terceiro trimestre de 2014 e representou uma aceleração ante a taxa de 3,1% do segundo trimestre.
O CDS (credit default swap, espécie de seguro contra calote) do Brasil avançou 2,32%, interrompendo nove quedas, para 169,5 pontos.
No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados fecharam com sinais mistos. O contrato com vencimento em janeiro de 2018 caiu de 7,046% para 7,034%. O contrato para janeiro de 2019 teve alta de 7,080% para 7,110%. Com informações da Folhapress.