Gravações de filme são suspensas após denúncia de estupro

Camareira da produção do filme "A Volta" acusa o ator e rapper Thogun Teixeira, 47, de estupro durante intervalo das gravações

© Reprodução/'Filhos do Carnaval'

Cultura São Paulo 30/11/17 POR Folhapress

Uma camareira da produção do filme "A Volta" acusa o ator e rapper Thogun Teixeira, 47, de estupro durante intervalo das gravações em Sorocaba (a 99 km de São Paulo). Ele diz que a relação foi consensual.

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O artista pode ser visto hoje em papéis na TV paga, no cinema e em plataformas sob demanda, como na série "Carcereiros", disponível na Globo Play e que deve estrear na TV aberta em abril.

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O caso está desde terça (28) sob apuração sigilosa na Delegacia da Mulher da cidade. A camareira de 47 anos relata que, ao sair do banho, se deparou com o artista em seu quarto.

Ele afirma ter entrado no local após pegar uma chave na portaria do hotel Nacional Inn com autorização dela. Procurado pela reportagem, o estabelecimento não quis responder se a autorização foi dada ou não.

À reportagem, a camareira pediu que seu nome fosse mantido em sigilo. Segundo ela, Thogun a empurrou, lhe deu um tapa e a conduziu até o banheiro, onde iniciou uma relação sexual à força. No fim, conta, o ator se despediu dizendo: "Boa sorte".

Thogun afirma que os dois estavam bêbados e transaram de modo consensual sem camisinha. Ao se despedir, diz ter dado "dois beijinhos" e elogiado o "desempenho" dela.

Segundo a camareira, ele voltou ao quarto horas depois e tentou estuprar uma assistente de figurino, sua companheira de dormitório e de trabalho, que é testemunha no caso.

Já o ator relata ter voltado ao local para devolver a chave e nega ter se aproximado da assistente de figurino.

CHAVE

O longa, dirigido por Ronaldo Uzeda, conta a história de um homem (Tuca Andrada) que quer justiça após a morte da mulher (Guilhermina Guinle).

A equipe de "A Volta" estava em suas últimas diárias na cidade quando, no sábado, o caso sob apuração ocorreu.

Os trabalhos foram suspensos, sem previsão de retorno. Segundo três fontes ligadas à produção do longa, o caso comoveu a equipe e inviabilizou as gravações. Os produtores mudaram Thogun de hotel (ele estava hospedado em um vizinho ao da camareira), temendo que fosse agredido por colegas.

Segundo a reportagem apurou, o filme teria uma cena de estupro. Ela seria filmada justamente no dia seguinte ao caso, mas acabou cortada após reclamações de profissionais. A produção afirma que a cena havia sido excluída pelo diretor antes da denúncia.

No sábado, a equipe chegou ao hotel por volta das 7h, após gravações noturnas. Era um hábito na produção que todos se reunissem, depois do expediente, para beber e conversar ao redor da piscina.

A camareira participava dos encontros, mas, naquele dia, diz ter ido direto para o quarto descansar. Já Thogun afirma que ela bebeu e tentava arranjar um encontro entre ele e a assistente de figurino. O ator relata que entrou no quarto esperando encontrar a assistente.

A gerência do Nacional Inn afirma que vai entregar à polícia todas as imagens das câmeras e os registros de acessos de chaves dos quartos. Diz ainda que seguiu todos os procedimentos de entrega de chaves.

Em equipes de filmagem, é comum pedir a chave do quarto de um colega (com autorização deste) na recepção de hotéis para buscar algum item ligado à produção.

MENSAGENS

Na tarde de domingo, a camareira decidiu procurar ajuda da equipe do filme: "Não estava mais aguentando. Estava sufocada".

No mesmo dia, ela registrou o boletim de ocorrência. Na segunda (27), passou por exames de corpo de delito e iniciou o tratamento com antirretrovirais e anticoncepcionais.

Ela disse ter se questionado se seu jeito extrovertido durante as gravações pode ter sido sido mal interpretado.

"Senti nojo de mim, às vezes me sentindo culpada." Ela reafirma que, mesmo se estivesse bêbada, "ninguém tem direito de usar o corpo de uma pessoa sem que ela queira".

A lei diz que o estupro de alguém sob o efeito de álcool pode ser equiparado ao de um vulnerável, sem condições psíquicas de consentir ou de se defender de uma agressão sexual.

Thogun afirma que tem trocas de mensagens de texto e de áudio como provas e, além disso, que outros quatro homens da equipe transaram com ela e testemunharão a seu favor.

"Eu poderia ter dado pra metade da equipe, poderia ter dado pra uma equipe inteira. Mas se não quisesse dar pra um, esse um não tinha o direito", afirma a camareira, que diz nunca ter conversado com o ator por mensagens de celular. Ele diz ser alvo de uma armação.

A produção do longa afirma apoiar a camareira. "Estamos dando todo o apoio para as vítimas. Com relação ao ator, ele tem que se explicar à Justiça. O que ocorreu foi muito grave e cabe a ele se explicar. Nossa posição é clara, estamos do lado das vítimas", afirmou o produtor-executivo Fabricio Coimbra. Com informações da Folhapress.

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