Brasil disputa em Sundance com filme sobre linchamento virtual

Festival é considerado a maior vitrine do cinema independente mundial

© Divulgação / Globo Filmes

Cultura cinema 30/11/17 POR Folhapress

Embora tenha protagonistas adolescentes, "Ferrugem", do diretor baiano Aly Muritiba, passa bem longe da cartilha alentadora que marca filmes do gênero. Selecionado para competir no prestigioso Festival Sundance, o longa gira em torno das consequências dramáticas de um linchamento virtual.

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"É um tema que tem tudo a ver com o festival", diz o diretor à reportagem. Agendado para ocorrer entre 18 e 28 de janeiro do ano que vem, em três cidades de Utah, nos EUA, Sundance é a maior vitrine do cinema independente mundial.

O estopim da trama é o vazamento do vídeo íntimo de uma garota, Tati (Tifanny Malaquias), e o que sucede a ela e às pessoas de seu entorno, principalmente o namorado, Renet (Giovanni de Lorenzi).

Ex-professor nos ensinos médio e fundamental, Muritiba diz que notou como a questão do bullying virtual "se tornou mais aguda" entre adolescentes com o passar dos anos. Para ele, tem a ver com ­novas gerações de pais, que "não preparam seus filhos para a frustração".

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"Minha geração é infantilizada. Fomos educados a não dizer não aos nossos filhos", afirma o diretor de 38 anos, pai de uma adolescente de 14. "É um filme que tem a ver com os medos dos pais de jovens."

Ele diz que o título do longa é referência à "corrosão e ao esfacelamento da vida analógica" dos personagens.

Corrosão é uma constante em suas obras. Sua estreia em longas de ficção, "Para Minha Amada Morta" (2015), também revolvia em torno de uma derrocada e seu gatilho também era um registro audiovisual -no caso, uma fita em VHS que levava o viúvo Fernando (Fernando Alves Pinto) a reavaliar a relação que teve com a mulher morta.

Radicado no Paraná, Muritiba é ex-agente penitenciário, e explorou essa experiência numa "trilogia carcerária": o último da leva foi o documentário "A Gente".

Lançado em setembro, o filme o fez se reencontrar com os antigos colegas de ofício e resultou num retrato nuançado sobre a questão penitenciária no país, retrato que é fruto de sua formação humanista (o diretor é formado em história) e de seus anos à frente das grades.

A experiência internacional não é coisa nova para Muritiba, que já emplacou seus curtas "Tarântula" e "Pátio" nos festivais de Veneza e Cannes, respectivamente.

Essa será sua segunda vez em Sundance, palco que já recebeu (e muito bem) a estreia de um estouro nacional, "Que Horas Ela Volta?", de Anna Muylaert, em 2015. Com informações da Folhapress.

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