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A Caixa Cultural Rio de Janeiro recebe, de 5 a 17 de dezembro de 2017 (terça a domingo), a mostra Diretoras Negras do Cinema Brasileiro, que reúne uma retrospectiva cinematográfica empreendida por diretoras negras expoentes do cinema nacional. Serão apresentados 46 filmes, entre longas, médias e curtas-metragens, além de dois debates sobre a participação da mulher negra na cinematografia brasileira. O projeto tem patrocínio da Caixa Econômica Federal e Governo Federal.
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Com curadoria de Kênia Freitas e Paulo Ricardo de Almeida, a mostra percorre trabalhos desde as pioneiras Adélia Sampaio e Danddara, até nomes contemporâneos, como Carol Rodrigues, Elen Linth, Juliana Vicente, Lilian Solá Santiago, Renata Martins, Sabrina Fidalgo, Viviane Ferreira, Yasmin Thayná, entre outras. Dentre os destaques selecionados, estão Amor Maldito (1984), de Adélia Sampaio; Gurufim na Mangueira (2000), de Danddara; Graffiti (2008), de Lilian Solá Santiago; Cores e Botas (2010), de Juliana Vicente; Um filme de Dança (2013), de Carmen Luz; O Dia de Jerusa (2014), de Viviane Ferreira; Kbela (2015), de Yasmin Thayná; Rainha (2016), de Sabrina Fidalgo; e Maria (2017), de Elen Linth e Riane Nascimento.
Considerada pioneira, Adélia Sampaio começou no cinema em 1969. Filha de empregada doméstica, a cineasta dirigiu quatro curtas-metragens: Denúncia Vazia, Um Deus dança em Mim, Adulto não brinca e Na poeira das ruas. Em 1984, Adélia dirigiu o filme Amor Maldito, tornando-se a primeira diretora negra a dirigir um longa-metragem no Brasil. Além disso, a produção também é considerada a primeira com temática inteiramente lésbica no cinema nacional.
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Nos anos 1990, a realidade do cinema feminino negro no Brasil pouco se alterou. Danddara, umas das resistências do período, ingressou no cinema profissional fazendo assistência para Paulo Rufino (Canto da Terra, 1991). No entanto, seu primeiro curta, Gurufim na Mangueira (2000), foi recusado três vezes pelo Ministério da Cultura antes de ser aprovado. Ainda assim, a diretora usou de diversos subterfúgios para driblar o racismo institucional, como assinar o projeto com um pseudônimo francês (Mônica Behague) e relevar para segundo plano a sua autoria do roteiro.
"Falar das trajetórias das mulheres negras no cinema brasileiro é remontar uma história de invisibilidade e apagamentos. Até por isso, o que é impactante na produção atual é a sua coletividade e a pluralidade de projetos e obras. Uma série de iniciativas das próprias cineastas marcam esse cenário de transformação e afirmação, propondo novas formas de viabilizar e divulgar o cinema feito pelas mulheres negras. Entre tantas, podemos destacar: a plataforma de exibição online Afroflix (www.afroflix.com.br/), criada por Yasmin Thayná, e a websérie Empoderadas, criada e dirigida por Renata Martins, que se desdobrou em encontro e festival de cinema feminino negro", destaca a curadora Kênia Freitas.
"Houve o barateamento dos equipamentos de produção, sobretudo com a entrada em cena do digital, que aumentou o acesso a uma arte (ainda cara) para um número maior e mais diverso de realizadores. O estabelecimento do sistema de cotas nas universidades públicas, assim como o ProUni e o Fies, trouxe para o ensino superior – incluindo os cursos cinema e audiovisual - alunos e alunas pobres e negros, antes excluídos. A abertura de uma linha de financiamento específica na Ancine para afrodescendentes significa o reconhecimento da falta de diversidade pela instância máxima de fomento do cinema brasileiro", complementa o também curador Paulo Ricardo de Almeida.
Sessão inclusiva e debates
No dia 09 de dezembro (sábado), às 17h30, haverá sessão inclusiva do filme Leva (2011), de Juliana Vicente e Luiza Marques, com audiodescrição e closed captions, para pessoas com necessidades especiais.
Fazem parte da programação, ainda, duas mesas de debates. No dia 07 de dezembro (quinta), às 19h, a mesa O percurso das diretoras negras no cinema brasileiro recebe as cineastas Adélia Sampaio e Sabrina Fidalgo, com mediação da curadora e doutora em Comunicação e Cultura, Kênia Freitas. Este debate terá tradução em Libras.
Já no dia 14 de dezembro (quinta), também às 19h, será realizada a mesa Perspectivas e transformações: a mulher negra no cinema nacional, da qual participam as cineastas Janaína Oliveira (Re.Fem) e Yasmin Thayná, com mediação do co-curador Paulo Ricardo.
A entrada para ambos os seminários é franca, com ingressos distribuídos 1h antes do início. Veja a programação completa aqui. Com informações do site da Caixa Cultural.