Ministro da Transparência diz que lei anticorrupção 'não decolou'

Legislação prevê benefícios judiciais às empresas em troca de informações e provas apresentadas

© Fernando Frazão / Agência Brasil

Política legislação 09/12/17 POR Folhapress

O ministro da Transparência e CGU (Controladoria-Geral da União), Wagner de Campos Rosário, fez nesta sexta-feira (8) uma avaliação da Lei 12.846, de 2013, conhecida como Lei Anticorrupção, que entrou em vigor em 2014.

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Segundo o ministro, até o momento, a legislação não conseguiu "decolar" na questão da colaboração das pessoas jurídicas, dificultando a responsabilização das empresas em casos de corrupção. As informações são da Agência Brasil.

O instrumento de colaboração para pessoas jurídicas, assim como ocorre na delação premiada, prevê benefícios judiciais às empresas em troca de informações e provas apresentadas.

No entanto, o mecanismo não tem sido usado já que, segundo o ministro, as empresas não têm a garantia de, mesmo após a colaboração, não serem processadas novamente pelo Estado.

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De acordo com Rosário, apesar de a CGU ser a responsável, por lei, por fechar os acordos com as empresas, três outros órgãos, o MPF (Ministério Público Federal), o TCU (Tribunal de Contas da União) e a AGU (Advocacia-Geral da União) podem processar as corporações após o acordo de colaboração.

"A lei atribui à CGU a titularidade para realização de acordos. Só que o meu acordo sozinho não serve para nada. O que adianta eu chamar uma empresa, ela colaborar, entregar as provas e, no outro dia, a AGU entrar com uma ação contra a empresa, pedir bloqueio de bens?", questionou o ministro. "Esse instrumento não conseguiu ainda decolar da maneira que esperávamos", acrescentou.

Para tentar resolver a questão, a CGU está procurando formalizar a atuação conjunta entre os quatro órgãos. "O que nós estamos fazendo é buscar esses órgãos [AGU, TCU e MPF] e trazer todos para uma única mesa, para, quando a empresa buscar esse balcão, ela saia com a sua situação resolvida com o Estado brasileiro. Porque, da maneira como está hoje, a empresa vai passar por quatro ou cinco negociações e, no final, ela ainda não sabe se ainda está livre", disse.

Segundo o ministro, a CGU e a AGU, em 2016, já formalizaram a atuação conjunta nos acordos com as pessoas jurídicas. Tratativas com o MPF e com o TCU estão adiantadas, segundo Rosário.

"Em 2018, a lei completa quatro anos. Não é possível que, em quatro anos, quatro órgãos não consigam definir suas atuações. É uma coisa que, em qualquer país, soa como uma coisa estranha, que dói ao ouvir.

A sociedade brasileira não aguenta mais esperar por isso", ressaltou o ministro, que participou de evento na Fecomercio, na capital paulista. Com informações da Folhapress.

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