Oposição pede saída do presidente do Peru por relação com Odebrecht

Segundo a presidente da comissão, Rosa Baltra, os valores foram enviados entre 2004 e 2007 à Westfield Capital, que aparece na declaração de renda de Kuczynski

© Reuters

Mundo crise 14/12/17 POR Folhapress

A oposição ao presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, pediu nesta quinta-feira (14) sua saída após a comissão do Congresso que investiga o caso Odebrecht tê-lo acusado de receber diretamente US$ 782 mil da empreiteira.

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Ele já era suspeito de auferir US$ 4,4 milhões por serviços de consultoria à empresa brasileira entre 2004 e 2013, mas no caso revelado nesta quarta (13) o dinheiro foi transferido a uma companhia da qual foi acionista até 2007.

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Segundo a presidente da comissão, Rosa Baltra, os valores foram enviados entre 2004 e 2007 à Westfield Capital, que aparece na declaração de renda de Kuczynski. Metade do dinheiro foi depositado em uma conta do presidente.

Outro agravante à situação é que, entre 2004 e 2006, ele era ministro de Alejandro Toledo. O ex-presidente, que está nos EUA, teve a extradição pedida pela Justiça para que ele seja preso por receber US$ 20 milhões da Odebrecht.

A descoberta sobre a Westfield Capital também fortalece a acusação anterior. Os US$ 4,4 milhões foram transferidos à First Capital, dirigida por um ex-sócio de Kuczynski e cujo endereço é o mesmo da empresa do presidente.

Ele foi ministro das Finanças e presidente do Conselho de Ministros (similar ao ministro-chefe da Casa Civil brasileiro). Na mesma época, a Odebrecht venceu a licitação da Rodovia Interoceânica, pela qual Toledo teria recebido propina.

Na noite de quarta (13), o presidente questionou a denúncia por "que as quantias mostradas seriam honorários pagos a mim". Também se disse disposto a dar declarações ao Ministério Público e à comissão que investiga o caso.

Os promotores convocaram Kuczynski para depoimento na próxima quinta (21) e ele receberá a comissão parlamentar no dia seguinte. Porém, os principais opositores defenderam a saída por meio de renúncia ou vacância do cargo.

A primeira hipótese foi levantada pela Força Popular (direita), liderada por Keiko Fujimori, filha do ex-ditador Alberto Fujimori, que também é citada no caso Odebrecht. A agremiação tem a maior bancada no Congresso peruano.

"É evidente que a permanência no cargo é insustentável devido às provas concretas de corrupção. Não precisamos de mais explicações: o que o povo peruano exige é a renúncia", disse o líder da sigla na Câmara, Daniel Salaverry.

Por outro lado, o parlamentar considerou que, se for decretada a prisão de Keiko, a Justiça terá "o claro objetivo de amedrontar essa bancada, de querer nos derrubar, para não continuarmos nessa luta frontal contra a corrupção".

VACÂNCIA

A segunda alternativa foi defendida pela Frente Ampla (esquerda), que apoiou Kuczynski no segundo turno para evitar a vitória de Keiko. A Constituição peruana prevê que o presidente seja declarado vacante por incapacidade moral.

"Também defendemos que isso traz como consequência as eleições presidenciais e a convocação de uma Assembleia Constituinte, porque a corrupção é fruto da Constituição que a permite", disse o deputado Wilbert Rozas.

Para a candidata do partido à Presidência em 2016, Verónika Mendoza, o fujimorismo quer dar um golpe de Estado a fim de controlar o Ministério Público e o Poder Judiciário "para se blindar e acertar um pacto de impunidade".

Além de Kuczynski e Toledo, todos os ex-presidentes peruanos desde Fujimori são investigados por receberem propina da Odebrecht. Ollanta Humala está em prisão preventiva e Alan García é citado em delações.

O levante opositor pode tornar insustentável a permanência do presidente, cujo partido, Peruanos pela Mudança, tem 18 das 130 cadeiras. Em 2016, Kuczynski foi eleito com uma diferença de 42.597 votos para Keiko Fujimori. Com informações da Folhapress.

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