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A Polícia Federal desarticulou um esquema de tráfico internacional de drogas, desvio de mercadorias e furto de bebidas do interior de aeronaves no aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão, no Rio de Janeiro. O esquema funcionava pelo menos desde fevereiro deste ano.
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Segundo a PF, foram cumpridos 36 mandados de prisão preventiva. "Como esse esquema criminoso detectamos uma série de falhas na segurança do aeroporto. As malas entravam na área restrita do aeroporto sem qualquer fiscalização. Os funcionários que atuavam faziam questão de não saber o que estava dentro delas, assim se esquivavam da responsabilidade", disse o delegado Wagner Menezes, um dos responsáveis pela investigação.
As investigações, realizadas em conjunto com o Ministério Público Federal e a Receita Federal, duraram dez meses e apontaram a participação de funcionários do próprio aeroporto, de companhias aéreas e servidores públicos da área de fiscalização.
Entre os mandados de prisão, pelo menos 23 são contra funcionários do aeroporto e dois contra servidores da Receita Federal. Em nota, a Receita disse que a atuação dos servidores era isolada e que "não há quaisquer indícios de corrupção endêmica na alfândega do Galeão".
A corregedoria da Receita vai abrir apuração interna. Se ficar provada a culpa dos funcionários, eles serão demitidos do serviço público.
Também em nota, a Riogaleão, concessionária que administra o aeroporto, disse que, "desde o início de sua atuação, em 2014, apoia as investigações e ações da Polícia Federal e demais órgãos públicos para coibir atos ilícitos no aeroporto.
GARRAFAS
Um núcleo criminoso atuava subtraindo, com frequência diária, garrafas de vinho, champanhe e garrafas em miniatura de bebidas do interior das aeronaves em pouso. Funcionários da empresa de "catering" realizavam o furto, levando os vasilhames para áreas conhecidas como "pontos cegos", onde era feita a triagem. Foram apreendidas cerca de 2.715 garrafas de bebidas, veículos e dinheiro.
"Isso pode parecer um crime menor, mas demonstra a fragilidade do sistema de segurança do aeroporto", disse o delegado Fábio Andrade, chefe da delegacia especial da PF no Aeroporto Internacional do Rio.
Outro grupo suspeito era responsável por embarcar malas recheadas de cocaína em aviões com voos para o exterior, burlando a fiscalização policial e a alfândega. Para o transporte ilegal não ser descoberto, os suspeitos contavam com o auxílio de funcionários que tinham acesso à área restrita do Galeão. Eles eram incumbidos, segundo a PF, de colocar as malas em voos internacionais sem passá-las por nenhuma inspeção.
A droga pertencia a dois estrangeiros, um albanês e outro possivelmente romeno, e ficava armazenada num galpão localizado no Mercado São Sebastião, na Penha, onde acondicionada em malas para o embarque, sendo transportada até o aeroporto de táxi pois a quadrilha achava que assim seria menor o risco de ser interceptada por blitze. Um deles foi preso. O outro está foragido.
No balcão de "check-in", funcionários da companhia aérea providenciavam a duplicação irregular de etiquetas de bagagem despachadas por outros passageiros, inocentes, e que não pertenciam à quadrilha, afixando às malas preparadas pela quadrilha, para as quais providenciavam o despacho com o objetivo de garantir a entrada delas na área restrita, simulando destinação para voo doméstico. Isso era feito para driblar a fiscalização das malas que acontece quando elas têm destino internacional. Com informações da Folhapress.