© Ricardo Stuckert / Divulgação
O ex-presidente Lula voltou a dizer, na conversa que teve com jornalistas nesta quarta (20), no Instituto Lula, que vai regulamentar os meios de comunicação. Disse também que pretende discutir a criação de impostos sobre grandes fortunas e as razões de o "povo pobre" pagar mais imposto que "o povo rico".
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Diz que não está mais radical e sim "mais sabido".
Leia abaixo trechos da entrevista:
MERCADO
"Eu agora vou escrever uma carta ao povo brasileiro. Mas não vai ser para o mercado, como eu fiz em 2002. Agora é para o povo mesmo.
Quem me deve satisfação é o mercado. Não sou eu que devo para eles. Esse mercado injusto nunca me agradeceu do tanto que ganhou. Nunca reconhecem que quando cheguei [no governo] a Bolsa tinha 11 mil pontos só. Quando saí, tinha 71 mil pontos. Nunca me agradeceram."
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RADICAL
"Estão dizendo que eu vou ser mais radical. Eu não vou ser mais radical. Nem o radicalismo fica bem em mim. Mas eu estou mais sabido. Eu sei de onde eu vim e sei para onde eu vou. E hoje eu tenho muito mais clareza disso.
O que eu tenho dito? Eu não preciso ser candidato para fazer o que eu já fiz. O gol que eu já fiz, eu já fiz. Eu quero fazer outro.
Eu quero discutir por que o povo pobre tem que pagar mais imposto do que o rico.
Por que o rentismo não paga imposto de renda sobre o que ele ganha? Por que não podemos começar a pensar em fazer uma política tributária em que as pessoas humildes paguem menos e os aquinhoados paguem mais?
Por que não colocamos em prática o imposto sobre as grandes heranças no Brasil? Parece radicalidade, mas não é. Vamos mostrar as coisas boas que têm na Inglaterra, nos EUA. Não é de Cuba, não.
Eu não tenho hoje, com 72 anos, a mesma visão que eu tinha com 40. O tempo existe para a gente perceber o que deixamos de fazer. Estou pensando de forma mais justa na política tributária.
Quando eu falo de uma campanha mais ideologizada, é porque vamos ter que ser mais claro com o povo.Por exemplo, não dá para falar só em distribuição de renda mais. Nós temos que começar a introduzir a distribuição de riqueza, representada pela conquista da casa, de investimento em educação, é a terra no campo.
Eu quero governar esse país dizendo o seguinte: o povo pobre vai subir mais um degrau na escala social. A sala da casa grande vai ficar mais próxima da parte mais pobre da população. Quem quiser gostar, gosta. Quem não quiser, que monte uma chapa e concorra."
IMPRENSA
"Precisamos falar na democratização dos meios de comunicação. É uma necessidade, explicar o que é.Não podemos aceitar o discurso do João Roberto Marinho [do Grupo Globo], "o único controle que eu aceito é o do controle remoto".
Quem tem que fazer censura é o leitor, o telespectador, o ouvinte e o internauta.
Em 2009, fizemos a grande conferência nacional dos meios de comunicação. Foi Municipal, estadual, nacional, participaram rádios comunitárias, gente da internet.
Apresentamos uma proposta discutida com milhares de pessoas. O que a gente pensou? Não vamos dar entrada [no Congresso] agora que estamos em fim de mandato. Vamos dar entrada no começo [do próximo governo, de Dilma Rousseff].
Quando o Paulo Bernardo foi para o Ministério das Comunicações, pode ter sido um erro mas achávamos que era o único capaz de tocar aquele assunto no governo. Agora, foi o Paulo que não levou [a proposta adiante]? Eu não tenho a resposta.
Quero democratizar os meios de comunicação. Faremos novas conferências."
TV GLOBO
"A Rede Globo nunca aceitou o Bolsa Família.
Eu fico feliz porque me derrotaram em 1989, em 1994. Mas também, quando desandei a ganhar, meu amor, eu ganhei três vezes.
Eu fui no Jornal Nacional [assim que venceu as eleições] porque era o mais importante e eu queria falar as coisas. Não sei [se iria de novo]. Eu poderia não ter ido.
Mesmo sabendo da perseguição [da emissora], eu nunca me recusei a falar.
Mas nunca fui tomar café, almoçar [na TV Globo]. Talvez tenha sido uma das broncas que eu causei, de não aceitar aquele famoso jantarzinho. Eu não fui.
A gente vai disputar uma eleição, não pode ficar lamentando o que aconteceu há dez anos."
FUTURO GOVERNO
"Nós vamos montar uma equipe de governo melhor do que a que eu tive entre 2007 e 2010.
As pessoas que estavam comigo estão muito melhores. O [Fernando Haddad] tinha como experiência a universidade. Agora ele tem a prefeitura de São Paulo.
Eu sou muito otimista em relação ao que vai acontecer."
MEIAS VERDADES
"Quero ser candidato dizendo ao povo o que vai acontecer. Não quero fazer uma eleição dizendo meias verdades.
Primeiro quero dizer que vamos ter que discutir seriamente um referendo revocatório ou uma Constituinte. A nossa Constituição já teve mais de 105 emendas constitucionais.
Na verdade, de 1992 para cá rasgaram a Constituição e fizeram outra.
A elite brasileira, que perdeu as eleições na Constituinte de 1988, já fez uma nova Constituição.
Não pode cada vitória eventual mudar a Constituição e a legislação eleitoral. Você nunca sabe o que vai acontecer numa eleição.
Os políticos judicializaram a política e o judiciário politizou a Justiça. Há uma inversão de valores. Precisamos colocar as coisas em ordem.
As pessoas tem que saber que quem vota num presidente progressista tem que votar num deputado progressista." Com informações da Folhapress.